Governo Milei descarta dolarização e fechamento do BC
Como a população reagirá ao estelionato eleitoral?
atualizado
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“No final, vão governar os que terminaram em terceiro”. Essa é a frase mais repetida nas redes sociais argentinas uma semana após as eleições. Agora entende-se qual foi o teor do acordo de Milei a Macri logo após o primeiro turno, em outubro. Enquanto o presidente grita “Viva la libertad, carajo”, nas redes sociais, indica aliados macristas para postos chave de seu governo.
A comunicação até o momento é caótica. O melhor exemplo aconteceu na última sexta-feira. Milei já não toca no assunto da dolarização, mas manteve o fechamento do Banco Central na pauta. Entretanto, durante um evento para representantes do setor financeiro, o provável ministro da Economia, Luis Caputo -que ocupou o cargo na gestão Macri – foi categórico: não haverá fechamento do Banco Central, nem dolarização e que também não será encerrado o controle cambial. “Nosso ‘approach’ é um ‘choque’ fiscal e monetário desde o primeiro dia, o roteiro é ortodoxo e sem loucuras”, disse.
E já há uma baixa na equipe econômica, O físico e economista Demian Reidel deixou os Estados Unidos e veio para Buenos Aires para os últimos acertos antes de assumir o Banco Central. Porém, desavenças em certas políticas traçadas por Caputo o fizeram desistir do posto.
Milei fez acenos ao Papa, convidando-o para uma visita – depois de chamá-lo de “representante do maligno”. Enviou um sua futura chanceler ao Brasil para convidar Lula para sua posse. Durante a campanha negou que privatizaria a Educação e Saúde. O próximo presidente da Argentina cria um paradoxo. A democracia e a economia argentinas agradecem o distanciamento dos disparates de campanha, mas isso não é estelionato eleitoral?
A falta de informação sobre suas propostas econômicas foi sua aliada na campanha, pode ser sua derrocada. Há vídeos de eleitores de Milei que acreditavam que a dolarização significaria converter o valor de seus salários em peso para dólares. Como essas pessoas irão reagir a quebra dessa promessa?
Ao que parece o futuro econômico da Argentina é um regresso nostálgico ao menemismo, junto com um sonho de redenção macrista. Seus eleitores irão suportar um ajuste fiscal terrível, quando votaram na promessa de dias melhores?