Governo condicionar piso de enfermeiros à aprovação do jogo é cruel
Líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR) anunciou que aumento para R$ 4,7 mil depende da controvertida legalização da jogatina
atualizado
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Centenas de profissionais de enfermagem compareceram ontem ao Congresso Nacional para acompanhar de perto e pressionarem os deputados a aprovarem o piso salarial da categoria, de R$ 4.750.
Boa parte deles viajou de ônibus de suas cidades. Vieram do Brasil inteiro. Era a primeira vez de quase a totalidade dos enfermeiros em Brasília.
Durante o dia, cercavam os parlamentares, sem excessos, e os abordavam. O deputados, é ano eleitoral, tiravam fotos com os profissionais egressos de seus estados.
A celebração dos enfermeiros, técnicos de enfermagem e parteiros era intensa com o resultado que se desenhava.
Mas, aos 45 do segundo tempo, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ao anunciar a posição do governo a favor do aumento, jogou o balde de água fria. Ao microfone, disse que o projeto só será sancionado por Bolsonaro se, antes, for aprovado alguns projetos no Congresso, entre os quais a alegação da jogatina. Rolaram vaias para o líder governista.
Eis uma associação que não combina: jogos de azar e a nobre atividade desses profissionais da saúde, essenciais nos últimos dois anos de combate ao Covid-19.
É cruel o governo associar uma coisa e outra, condicionar o aumento para a turma da saúde a legalização de carteado, roleta, jogo do bicho, bingo e corrida de cavalo.
É intenso o lobby desse setor, que fez pressão para a aprovação na Câmara. O tema andava meio adormecido, mas despertado agora com esse pretexto. Alguém imagina enfermeiros, de jaleco, com cartazes pelos corredores do Congresso defendendo a volta da jogatina?