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Extrema-direita foi atingida pelo raio moderador do marketing

Menos ódio, mais gestão

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imagem colorida bolsonaristas durante atos do 8 de janeiro 8/1 - metrópoles
1 de 1 imagem colorida bolsonaristas durante atos do 8 de janeiro 8/1 - metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Esqueça o “contra tudo o que está aí”, “o sistema é foda”, esqueça a lacração permanente. Uma pitada de fake news, um terninho azul, um tom menos agressivo na voz e a promessa de gestão eficiente. Deus e família acima de tudo e para finalizar, jogue Jair Bolsonaro para escanteio, sem sacá-lo de campo. Essa foi a fórmula marqueteira da extrema-direita nessas eleições.

Abilio Brunini, deputado em primeiro mandato que faz parte da tropa de choque do bolsonarismo, chegou à Câmara dos Deputados com a receita da onda bolsonarista de 2016. Um cristão raivoso contra a ameaça comunista e a identidade de gênero. Foi o bobo da corte que com frequência tentava tumultuar a CPMI do 8 de Janeiro.

Na campanha vitoriosa em Cuiabá se esforçou não ser visto como um político de extrema direita, afinal pesquisas internas apontaram que suas confusões eram um obstáculo para a vitória. Adotou um novo comportamento, fugindo de polêmicas, ele se apresentou como um político amadurecido pela experiência em Brasília, pelo nascimento dos dois filhos e pela perda do avô durante a pandemia.

É claro que uma imagem fabricada tem seus deslizes, como aconteceu no último debate com Lúdio Cabral (PT). Após dois blocos de xingamentos e ironias, Brunini usou seu tempo de uma vez e impediu a discussão com seu adversário, que ficou falando sozinho, enquanto ele foi tomar um refrigerante.

André Fernandes em Fortaleza foi um outro “case” similar, mas derrotado. No último debate, ao ser chamado de “01 de Bolsonaro” respondeu que era o “01 de Fortaleza” e que não tinha padrinhos políticos. Jair Bolsonaro esteve na cidade apenas uma vez, para uma carreata, em agosto.

O candidato buscou se descolar do ex-presidente, que não apareceu nem na propaganda eleitoral. Durante a campanha, tentou abandonar a obsessão pela pauta de costumes e o hábito de zombar da esquerda, com relativo insucesso.

Os candidatos que abraçaram Bolsonaro, perderam. O ex-ministro Marcelo Queiroga em João Pessoa, Alexandre Ramagem no Rio de Janeiro, Fred Rodrigues em Goiânia. Das 10 cidades que Bolsonaro visitou, perdeu em 8. Os prefeitos eleitos pelo PL integram a ala menos bolsonarista do partido.

Parece que a extrema-direita entendeu que o discurso de ódio, limitado e emburrecedor do bolsonarismo funciona para o Legislativo. Para alcançar as prefeituras das capitais, é necessário muito mais diálogo para furar a bolha das redes sociais e atingir um eleitorado mais amplo. São lições aprendidas pelo marketing político desde a “Carta aos brasileiros” e o “Lulinha paz e amor”. Parecer ser uma promessa de menos violência e mais fisiologismo.

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