Ex-AGU de Bolsonaro conduziu Lula e Janja na diplomação no TSE
José Levi Mello é secretário-geral do TSE e muito próximo de Alexandre de Moraes, e defensor do semipresidencialismo, tese rechaçada pelo PT
atualizado
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Um ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro foi o anfitrião que conduziu o casal Lula da Silva na cerimônia da diplomação ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Coube a José Levi Mello de Amaral Júnior, secretário-geral do TSE, caminhar lado a lado de Lula, à direita do eleito, e também da futura primeira-dama. Eles passaram pelo tapete vermelho e sob a reverência dos dragões da independência.
Levi foi ministro da Advocacia-Geral da União (AGU) do governo Bolsonaro por um ano, entre abril de 2020 a março de 2021. E teria deixado o cargo insatisfeito com a decisão de Bolsonaro em ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o lockdown nos estados, durante a pandemia da Covid-19.
Levi é muito próximo de Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Ele foi seu secretário-executivo no Ministério da Justiça, no governo de Michel Temer. E ocupou a titularidade da pasta por um mês, em 2017.
No governo Bolsonaro, Levi foi também procurador-geral da Fazenda Nacional, sua carreira de formação. Ele também é professor de direito constitucional na USP.
Levi é um defensor do sistema semipresidencialista de governo, que prevês coexistência de um primeiro-ministro com o presidente da República. Uma tese rechaçada pelo PT e que Lula já chamou de “golpista”.
Durante debate num Grupo de Trabalho que tratou de uma emenda constitucional sobre assunto na Câmara, em maio deste ano, Levi defendeu a adoção desse sistema no Brasil.
“Afirmo com toda a tranquilidade que a PEC (do semipresidencialismo), como colocada, na medida em que separa mais Poderes, em que cria mais checks and balances, na medida em que cria mais freios e contrapesos, não só é constitucional, mas também realiza de forma ainda melhor a cláusula constitucional da separação dos Poderes” – disse José Levi.