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Esquerda vence no Uruguai e respira no Chile

Orsi ganha por 92 mil votos de diferença; esquerda chilena conquista metade dos governos estaduais

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Yamandú Orsi
1 de 1 Yamandú Orsi - Foto: Reprodução/X

Com a promessa de muito diálogo, olhar atento para o campo e o interior e um período de mudanças, mas sem sobressaltos, Yamandú Orsi comandará o Uruguai nos próximos cinco anos. Ele venceu Álvaro Delgado, da coalização de direita, com 49,8% dos votos, contra 45,9% de seu adversário – uma diferença de 92 mil votos em um país de 3,5 milhões de habitantes. Com Orsi, a esquerda volta ao poder após cinco anos e acumula 4 dos últimos 5 mandatos presidenciais.

Em um discurso da vitória com apenas 10 minutos, repetiu o principal tema de sua campanha: “A essência da política são os acordos”. Orsi disse que será “o Presidente que apela repetidamente ao diálogo nacional” e abraçará “o debate de ideias”. “É assim que se constrói uma república democrática. Viva os partidos políticos do Uruguai. O país da liberdade, da igualdade e da fraternidade, que é nada mais nada menos do que a tolerância e o respeito pelos outros, triunfou mais uma vez. Continuemos neste caminho”, acrescentou.

Professor de História, 57 anos, de origem humilde, Orsi nasceu e foi governador de Canelones, o segundo maior estado do país, por dois mandatos (2015-2024) e desde a democratização é o primeiro presidente que não nasceu na capital Montevidéu. Deixou o cargo para se candidatar à presidência em fevereiro passado, com 64% de aprovação. Até aos seis anos de idade trabalhou no campo com seus pais. Passou a adolescência trabalhando em uma mercearia da família na capital do estado. Em 1986, viajou para Montevidéu para estudar história e se aproximou da política.

É a consolidação da renovação da esquerda no país, com a velha guarda do Movimento de Participação Popular, que integra a Frente Ampla e é representado por José Mujica, entregando o poder aos mais jovens. Além de Pepe, Orsi tem no ex-governador de Canelones, Marcos Carámbula, um grande padrinho político. “É muito inteligente, é uma esponja que absorve experiências, aprende, ouve muito. É tal e qual como o vemos, é inflexível, está próximo das pessoas. E nunca tirou partido pessoal do seu poder como secretário-geral e depois como presidente da câmara durante 10 anos”, resume Carámbula em entrevista para El País.

Soa estranho para um brasileiro, mas a direita, representada pelos partidos Nacional e Colorado, que se uniu na Coligação Republicana, admitiu a derrota prontamente. Delgado prometeu trabalhar com o governo para fazer um país melhor.

Já no Chile, os partidos de esquerda respiram aliviados após os resultados das eleições para governadores. Após a dolorosa derrota nas eleições municipais em outubro, o campo político venceu em 8 das 16 províncias e em lugares importantes, como Valparaíso e na Grande Santiago. Há uma consideração: destes oito, seis são candidatos independentes em relação ao governo de Gabriel Boric.

A direita venceu em seis estados e tem o que comemorar, já que tinha eleito apenas um governador em 2021. O Partido Republicano, de extrema-direita, que concorreu paralelamente ao Chile Vamos – o tradicional coalizão de direita – apresentou 14 candidatos a governador e não venceu em nenhum território.

Como acontece aqui, insiste-se em enxergar as eleições regionais, com suas peculiaridades locais, como um termômetro para as eleições presidenciais. O presidente Boric segue com baixa popularidade e com dificuldade para dialogar com os distintos setores políticos. Ainda não se sabe quem será o candidato da esquerda no próximo pleito, em 2025. À direita, presidente da UDI, Evelyn Matthei, trabalha em sua candidatura e lidera as pesquisas há mais de um ano.

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