No Dia do Trabalho, à espera de um cargo que lhe prometeram fora do país, o embaixador Ernesto Araújo, recém-demitido do Ministério das Relações Exteriores, ensaiou sua primeira crítica ao presidente Jair Bolsonaro e ao governo a que serviu.

Há pouco, em sua conta no Twitter seguida por 802,4 mil pessoas, ele escreveu:

“Ao eleger o PR Bolsonaro, em 2018, o povo brasileiro ganhou a chance de transformar o Brasil, de uma cleptocracia numa verdadeira democracia. Chegamos a avançar. Mas, a partir de meados de 2020, a reação do sistema, cavalgando a pandemia, começou a desmantelar essa esperança”.

E foi adiante em mais dois posts:

“Leilões, privatizações, reformas tributária e administrativa? Se não for combatida a essência do sistema, estas serão reformas “Gattopardo”: mudanças para que tudo permaneça igual. Nenhuma “articulação política” vai mudar o Brasil. Somente a pressão popular.”

“Hoje o povo brasileiro tem a oportunidade de recuperar sua esperança, ao pedir ao PR Bolsonaro simplesmente que ele volte a ser o Presidente eleito em 2018, aquele que prometeu derrotar o sistema, o líder de uma transformação histórica e constitucional, o portador de uma missão.”

Ou por ter sido alertado de que sua crítica, por mais suave que tenha sido, pegaria mal para ele, ou por ter sozinho concluído isso, Araújo postou finalmente quase duas horas depois:

“Muitos desprezam o sonho do PR de mudar o Brasil. Eu, ao contrário, sempre acreditei, sempre estive e estarei com ele no seu amor pela liberdade e sua luta para libertar o povo de um sistema opressor. Com o apoio popular estou certo de que ele terá a força necessária para vencer.”

Uma referência sutil às manifestações promovidas, hoje, por bolsonaristas em cidades do país, inclusive Brasília. Um recado indireto de que continua à espera de um novo emprego, possivelmente em Paris como parece ser o seu desejo.

Entre amigos, Araújo não descarta a hipótese de se lançar candidato a deputado federal nas eleições do ano que vem.