Em meio à CPI da Americanas, governo Lula reúne-se com Fundação Lemann
No dia em que comissão foi instalada, ministério de Igualdade Social promoveu evento no Rio
atualizado
Compartilhar notícia
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio do ministério de Igualdade Social e da Enap, promoveu um encontro no Rio de Janeiro no último 17 de maio com a Fundação Lemann. Essa foi a mesma data em que a Câmara dos Deputados instalou a CPI da Americanas, que terá Jorge Paulo Lemann como um dos investigados.
O evento no Rio foi para divulgar o Programa FIAR – Formação e Iniciativas Antirracistas, além de promover discussão sobre a gestão pública no país. A organização foi realizada pelo Movimento Pessoas à Frente, entidade ligada à Fundação Lemann que faz lobby para a aprovação da reforma administrativa.
Lemann foi um dos empresários que se empenharam em sugerir trechos à reforma administrativa ainda em 2020. Arthur Lira (PP-AL) disse no início deste mês que a PEC 32 está pronta para ser levada ao Plenário da Câmara dos Deputados.
O bilionário sugeriu processos seletivos para cargos do alto escalão da administração pública. Essa emenda foi incluída na comissão especial que tratava da reforma ainda em 2021 e é assinada pelo então deputado Tiago Mitraud (Novo-MG).
Lemann é um dos sócios das lojas Americanas e será chamado para prestar depoimento na CPI que investiga a dívida de R$ 43 bilhões da empresa, além das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões que foram encontradas posteriormente. O presidente do colegiado Carlos Chiodini (MDB-SC) disse ontem (25/5) ao blog que planeja convocar também Marcel Telles e Beto Sicupira.
Atualização 26 de maio de 2023, 18h50
A Fundação Lemann e o Movimento Pessoas à Frente enviaram notas ao blog nesta sexta-feira. As íntegras estão reproduzidas abaixo:
“A Fundação Lemann informa que é uma organização filantrópica familiar, apartidária e totalmente independente, e que não possui nenhuma correlação ou dependência técnica ou financeira com as empresas ou os negócios do seu filantropo. Destaca, ainda, que sua atuação visa contribuir para melhorar a qualidade da educação pública e para a formação de lideranças preparadas para enfrentar os grandes desafios sociais do Brasil. Portanto, causa estranheza o texto deste blog relacionar a organização com uma CPI, cujo foco é empresarial. Cabe ressaltar que o evento citado discutiu temas como educação antirracista, diversidade e equidade racial na gestão pública, que são fundamentais se quisermos construir uma sociedade mais justa e igualitária.
“É importante também reforçar que a Fundação é uma das entidades que ajudou a criar o Movimento Pessoas à Frente, por entender a importância de contribuir com soluções para aprimorar o funcionamento do setor público brasileiro e, assim, garantir a entrega de melhores serviços públicos para a população. Trata-se de um movimento plural, que reúne especialistas, profissionais do setor público, lideranças políticas e representantes de órgãos de controle para debater possíveis soluções para melhorar o Estado brasileiro.”
“NOTA DO MOVIMENTO PESSOAS À FRENTE
“O Movimento Pessoas à Frente informa que, diferentemente do que foi publicado no Blog do Noblat nesta sexta-feira (26/05), a entidade não fez lobby e nem atuou pela aprovação da PEC da reforma administrativa. Ao contrário, em 2021 se manifestou publicamente alertando que a PEC não respondia aos desafios e dilemas enfrentados pelo Estado brasileiro.
“O Movimento também não foi protagonista de evento promovido no dia 17 de maio no Rio de Janeiro, que contou com a participação de inúmeras organizações e representantes de diversos governos das esferas municipal, estadual e federal.
“O Movimento Pessoas à Frente foi lançado em 2020 com o propósito de contribuir com a construção de soluções para melhorar o Estado brasileiro, a partir da valorização e fortalecimento das pessoas que nele atuam e, assim, garantir a entrega de melhores serviços e políticas públicas para a população. Em 2023, as agendas prioritárias da entidade são transparência de dados e equidade étnico-racial de pessoas na gestão pública. Além disso, as evidências e estudos que ancoram a atuação do Movimento apontam que as melhorias no funcionamento do Estado brasileiro não dependem necessariamente de reformas legislativas.
“Cabe ressaltar que o Movimento é plural e suprapartidário, formado por servidores, lideranças do parlamento, dos executivos federal e estaduais, sociedade civil, especialistas, sindicatos e membros do judiciário, órgãos de controle e advocacias públicas. Portanto, não representa uma só visão e sim um conjunto de expertises em busca de melhorar o setor público no Brasil.”