Em ano eleitoral, deputados disputam holofote na causa dos enfermeiros
Deputados foram para as redes sociais divulgar seus votos e, na sessão no plenário, brigavam pelos microfones para registrar algum discurso
atualizado
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Depois da aprovação na Câmara do piso salarial de R$ 4,7 mil para os profissionais da enfermagem, boa parte dos 449 deputados que votaram a favor foi para as suas redes sociais divulgar seus votos. O ano é eleitoral.
Teve quem filmou o registro do voto e seu nome no painel marcando “sim” ao projeto e quem gravou vídeos e fotos com os enfermeiros de suas bases eleitorais, que acompanharam a votação no Congresso Nacional, em Brasília.
Durante a votação no plenário, os parlamentares disputavam o direito de usar a palavra e discursar a favor do piso da categoria.
“Presidente, solicito que abra essa votação, porque tem meio mundo de deputados querendo falar. E o importante é votar ‘sim’ a esse projeto. Não há necessidade de haver mais falas”, discursou o deputado José Guimarães (PT-CE).
No momento que os partidos orientaram seus votos – que é dizer ser a favor ou contra a proposta -, os deputados da mesma legenda se amontoavam próximo ao microfone principal do plenário, para aparecerem na imagem.
O União Brasil dividiu seu um minuto de orientação para quatro deputados. Cada um falou, ou apareceu, por preciosos segundos na transmissão. Foram eles Zacharias Calil (GO), Professora Dorinha Seabra (TO), José Rocha (BA) e Efraim Filho (PB).
Teve deputado que atropelou a fala do colega, que foi o caso de Eduardo da Fonte (PP-PE), que usou outro microfone, para deixar seu recado, aparecer na TV e garantir provável material de campanha eleitoral. Levou um pito do presidente Arthur Lira (PP-AL).
“Por favor, vamos respeitar os oradores, senão eu vou ter que desligar os microfones”, disse Lira ao seu correligionário.
Único partido a orientar o “não” ao projeto – posição que gerou vaias das centenas de enfermeiros presentes -, o Novo foi alvo não só da categoria como de parlamentares. O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) reagiu e chamou de “populismo” a postura de todo o resto.
“A cena de hoje é uma cena para nós, do Partido Novo, muito triste. O populismo está tomando conta deste Plenário, com a aprovação de uma irresponsabilidade fiscal nunca antes vista neste mandato”, disse.