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Eleições devem manter cadeia alimentar do Centrão

STF tenta colocar ordem no jogo das emendas

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Mário Agra/Câmara dos Deputados
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1 de 1 Foto colorida do Plenário da Câmara dos Deputados - Metrópoles - Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Gosto de arriscar comparações imprecisas. Um exemplo: uma cadeia alimentar é uma sequência de organismos em que um serve de alimento para o outro, a partir de um produto. Na política, seria um grupo de representantes em diferentes esferas do poder que se alimentam um ao outro a partir de emendas? São ministros, deputados federais e estaduais, prefeitos que tecem uma rede de poder que se amplia a cada eleição.

Lembrei do termo ao ver as pesquisas para as próximas eleições municipais nas 100 maiores cidades do país. O MDB e o União Brasil devem eleger cerca de um terço dos novos prefeitos. O PL pode dobrar o número de prefeituras e chegar a 11. O PT também deve crescer, pulando de 3 para 8 cidades sob seu comando. Em suma, nada muda no cenário polarizado e o Centrão continuará forte. A esquerda despacha no Palácio do Planalto enquanto a direita dá as cartas no Legislativo federal e na maioria dos governos estaduais e prefeituras do país.

É evidente que há as especificidades políticas locais, mas em parte, para essa cadeia conservadora se manter, é preciso alimentá-la com emendas e influências. E ela existe, ao ter maioria em todas as esferas representativas do país. É uma bolha de sabão a tal governabilidade de Lula.

A relação entre orçamento e Legislativo é um beco sem saída, com os parlamentares jogando com cerca de 25% do total da verba de investimentos do país. Planejamento é uma palavra bem intencionada e vazia enquanto interesses políticos e seus objetivos eleitorais, a realidade.

É uma teia sem transparência que alcança as menores cidades do país, como mostram os milhões de reais que pequenas cidades recebem. Alto Alegre do Pindaré, cujo prefeito é pai do ministro André Fufuca, dos Esportes e Barra de São Miguel, comandada pela família de Arthur Lira, são só dois exemplos.

O STF determinou que a ilegalidade do orçamento secreto, Lira fez-se o ilusionista, surgiram as emendas Pix e a Corte achou melhor cuidar de outros assuntos. Mas na última quinta-feira o ministro Flávio Dino determinou que a CGU faça uma auditoria em todos os repasses de emendas parlamentares que beneficiam entidades do terceiro setor entre 2020 e 2024. Além disso, decidiu que deputados e senadores só poderão destinar emendas para os estados os quais foram eleitos. E ainda tenta um acordo entre Congresso e Executivo para que a destinação dessas verbas tenha total transparência. Quer acabar com o orçamento secreto e similares, enfim.

O jogo de emendas é apenas um dos fatores da hegemonia conservadora, que ajuda a perpetuar essa ideologia no poder por todos do país. Soma-se a isso a incapacidade da esquerda de formar novas lideranças, tecer um programa político que dialogue com as diferentes realidades e um projeto para as próximas gerações. O tempo passa e parece que essa cadeia alimentar está cada vez mais sólida.

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