Disputa no TRF-1 expõe insatisfação dentro do PT
Favoritos ao cargo de desembargador são advogados ligados ao Centrão e ao bolsonarismo
atualizado
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Setores do Partidos dos Trabalhadores mostram descontentamento com as indicações do governo Lula, sobretudo no Judiciário. A mais recente é a disputa por uma vaga de desembargador no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília. Há dois favoritos na lista tríplice: um tem apoio de Arthur Lira, o segundo é ligado ao bolsonarismo de Rondônia.
Na visão de um dirigente, o clima é de frustração na base do partido, já que depois da Lava Jato, a prisão de Lula e a pesada disputa contra a extrema-direita, o partido ganhou uma segunda chance de governar o país, mas segue colocando adversários em posições importantes nos Três Poderes.
Uma das listas tríplices do TRF-1 é formada pelos advogados Rebeca Moreno da Silva, Eduardo Martins e Vicente de Paulo de Moura Viana. Os nomes são escolhidos em eleição da OAB, o que é previsto por lei.
Rebeca é da ala política da OAB e seu marido foi presidente da entidade em Rondônia, com estreita ligação com aliados do senador Marcos Rogério. O casal teria apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma. Mesmo com histórico ligado ao bolsonarismo, para conseguir a indicação a advogada se aproximou de integrantes do Prerrogativas, grupo de advogados ligado a Lula, da Coalizão Nacional das Mulheres e foi recebida na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político do atual presidente.
Ela teria proximidade também com aliados do governador do Paraná, Ratinho Jr. A seu favor, além do apoio de setores petistas, a pressão para que Lula indique mais mulheres, após escolher homens para as duas vagas recentes no STF.
Eduardo Martins é filho do ministro Humberto Martins do Superior Tribunal de Justiça (STJ), O advogado tem escritório em região nobre de Brasília e tem ações bilionárias no TRF-1. Foi denunciado pela Operação Lava Jato, por tráfico de influência. O caso foi posteriormente arquivado.
Martins teria apoio de Arthur Lira. Seria o candidato do Centrão. Para a base petista ele seria automaticamente descartado. Entretanto pesa a seu favor a governabilidade. As últimas reuniões entre Lula e Lira prometem resgatar a proximidade entre os dois e os parlamentares do Centrão. Assim, existe a possibilidade de apoio de Alexandre Padilha e Rui Costa para cultivar a boa relação com o presidente da Câmara.
Os corredores de Brasília apostavam que Ibaneis Rocha apoiaria Rebeca Moreno. Entretanto, em entrevista à coluna Grande Angular, o governador disse que não tem interferido nessa indicação. “Não trabalharia contra ela [Rebeca], mas tenho uma ligação muito forte com Eduardo Martins, que é filho do ministro Humberto Martins e foi meu colega de mestrado em Portugal”, afirmou.
Vicente de Paulo de Moura Viana corre muito por fora no momento. Ele teria o apoio do petista Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social. Rebeca era considerada favorita. Entretanto, a proximidade de Lula e Lira aumentam as chances de Eduardo Martins. A bola está com o presidente petista.
Nota 10h52: A advogada Rebeca Moreno da Silva reafirmou sua proximidade com o PT e enviou cartas de apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, CUT, MST, Central dos Sindicatos Brasileiros, Bancada feminina na Câmara dos Deputados, entre outras entidades