metropoles.com

Direita quer transformar o fim do 6×1 no 7×1 da seleção

Direita grita e não oferece análises sobre as condições dos trabalhadores ou alternativas para melhorar a vida de quem sustenta o país

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Jean-Francois GUIOT/Gamma-Rapho via Getty Images
Homens trabalhando em confecção têxtil - Metrópoles
1 de 1 Homens trabalhando em confecção têxtil - Metrópoles - Foto: Jean-Francois GUIOT/Gamma-Rapho via Getty Images

A discussão sobre o fim da escala 6×1 de trabalho, projeto apresentado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), é didática sobre os interesses de diferentes atores políticos. A direita foi direta: a proposta é inviável. O governo Lula sentiu-se acuado, fazendo cálculos de uma conta que seria sua. O PSOL demonstrou estar mais atento às discussões orgânicas de trabalhadores e venceu a batalha nas redes sociais, o que obrigou governo e direita a cederem, e o projeto alcançou o número de assinaturas necessárias.

Ficou feio para a extrema-direita, a direita fisiológica e os representantes do mercado. Em todas as declarações, nenhuma palavra sobre as condições dos trabalhadores, nenhuma alternativa para melhorar a vida de quem sustenta o país.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes chamou o projeto de “estapafúrdio”. O deputado de extrema-direita Nikolas Ferreira (PL-MG) classificou como “bizarrice”. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, definiu como “prejudicial ao trabalhador”, vai aumentar a informalidade”, defendeu a flexibilização das leis trabalhistas de Temer e que o Brasil precisa ter uma cultura “pró-empresário, pró-empreendedor e pró-capital”. Logo, defender direitos para o trabalhador é anti-Brasil.

O líder do União Brasil na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA) escancarou a situação desse campo político. “Se é para ficar com essa esculhambação nas redes sociais, a gente assina. Vamos entrar no jogo para ver como o governo vai se virar para pagar essa conta”. E promete que, se a discussão avançar, além de deputados de direita garantirem obstáculos na sua tramitação, podem aprovar a ideia de remuneração por horas trabalhadas, o que poderia significar mais precarização.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), afirmou que a solução seria a “convenção e acordos coletivos entre empresas e empregados”. Parece que vive nos anos 80, quando havia sindicatos mais organizados. Foi criticado e contemporizou, dizendo que a jornada é “cruel” e atinge principalmente as mulheres. Ainda assim, o ministro manteve o discurso de que setores específicos da economia devem sentar-se em mesas de negociação.

O vereador pelo PSOL, influenciador e criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), Rick Azevedo, fenômeno eleitoral no Rio de Janeiro escreveu em suas redes: “É inconcebível que Vossa Excelência não esteja ciente das pressões comerciais que distorcem muitos desses acordos sindicais. Ignorar que a escala 6×1 precisa de regulamentação séria e independente é desrespeitar a realidade da classe trabalhadora”.

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) disse ao uol que o ganho de produtividade compensa para o empregador, uma vez que funcionários mais descansados produzem mais. Seria preciso reduzir o imposto cobrado do empregador, uma vez que, em alguns setores, seria preciso aumentar a contratação. Diretores da Abrasel, discordando de seu presidente, disseram à Folha que veem uma oportunidade de atrair e manter melhores funcionários, já que o setor é um dos que mais emprega nesse modelo de trabalho.

Há de se concordar com o ministro Marinho que o tema precisa de um debate “profundo e detalhado”. Setores precisarão de legislação própria, o lobby dos patrões será forte e os movimentos dos trabalhadores necessitará ultrapassar as redes sociais.

O caminho deve ser longo. O texto vai para Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde encontrará a presidência da deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC). Se aprovada na CCJ, o presidente da Câmara, cria uma comissão especial para analisar a pauta. Seus integrantes são indicados pelas lideranças partidárias que decidem pela aprovação ou reprovação. Depois vai para o plenário da Casa e aprovada por, pelo menos, 308 votos em dois turnos. E aí segue para o Senado.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?