Dia do Médico vira ato pró-Bolsonaro, mas com protesto contra o CFM
Sessão solene na Câmara teve alunos de medicina com camisa verde e amarela e ministro dizendo que médico jamais veste vermelho
atualizado
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O Dia do Médico que foi “celebrado” ontem numa sessão solene da Câmara pode ser chamado também de um ato pró-Bolsonaro. Dos parlamentares presentes aos convidados era uma claque bolsonarista.
Na plateia, estudantes de medicina de uma faculdade particular de Goiás, todos de camisa verde e amarela. Do governo, os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Victor Godoy (Educação). Entre as entidades presentes, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Hiran Gallo. Parlamentares bolsonaristas comandavam o ato.
Queiroga fez um discurso de que Bolsonaro atuou de forma exemplar no combate à pandemia, não deixou faltar vacina e que investiu meio bilhão de reais contra o vírus. Mas o ministro não resistiu a uma plateia bolsonarista e fez sua campanha para o chefe:
“Vejo muita gente, colegas de verde e amarelo. Os médicos vestem branco e as cores verde e amarelo do Brasil. Os médicos não vestem vermelho e jamais vestirão” – disse Queiroga, num tom elevado.
Emendou afirmando que “não queremos o passado de volta (Lula) assombrando a classe médica”.
No momento do discurso do presidente do CFM, Hiran Gallo, um grupo de profissionais da saúde entraram no plenário e protestaram com faixas, com dizeres:
“CFM aliou-se a Bolsonaro e traiu a medicina” e “CFM, autarquia não pode fazer campanha eleitoral”.
Os estudantes de medicina reagiram e gritaram:
“Vão para Cuba!”, numa referência ao país que enviou médicos para atuar no interior do país durante o governo Dilma Rousseff.
E partiram para um grito de campanha:
“Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “Mito, mito!”.
Gallo também reagiu ao protesto.
“Lamento pelas pessoas com Q.I. de ameba. Aprendi uma coisa, a lidar com a adversidade, mas com respeito. Como sou lutador de artes marciais. Ninguém me mete um pingo de medo. Todos são covardes. Moleques. Estou disposto a enfrentá-los em quaisquer circunstâncias. Se quiserem, estou aqui” -disse Gallo, na tribuna de discursos.
Ainda no seu discurso, Gallo afirmou que os médicos atendem, indistintamente ricos, pobres e independentemente da ideologia do paciente. Mas, ainda que sem citar Bolsonaro, pediu voto ao presidente. Ele rasgou elogios a Queiroga e, também sem citar os médicos cubanos, criticou a presença deles no país e afirmou que esse passado não pode voltar.
“É preciso maior participação do estado no custeio da saúde, reaparelhar a saúde básica, os prontos-socorros. Além disso, a ampliação da contratação de médicos e equipes. No que se refere à gestão de RH (recursos humanos) no SUS, a manutenção do programa Médicos Pelo Brasil. Jamais poderemos voltar ao pretérito daqueles médicos que não sabemos se sequer são médicos. Tem que combater sabendo votar” – afirmou.