Deputados “barganham” assinaturas de apoio às frentes parlamentares
Assessores e servidores dos gabinetes, além dos próprios parlamentares, integram grupos que trocam adesões
atualizado
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Há pelo menos quatro movimentados grupos de WhatsApp entre os assessores e servidores dos gabinetes dos deputados com o propósito de colher assinaturas de apoiamento à criação das mais diversas frentes parlamentares.
Ocorre uma série de troca de mensagens pedindo que o deputado vinculado a um determinado gabinete e que quer criar sua frente, assine e apoie iniciativa parecida de outro colega.
Os próprios deputados colhem a adesão de outros colegas e chegam a fazer uma romaria nos gabinetes de outros parlamentares.
Ou seja, há uma verdadeira “barganha” de assinaturas e todos correndo contra o tempo. Para protocolar a criação de uma frente dessas são necessárias as assinaturas de 198 parlamentares, entre deputados e senadores.
“Pessoal, bom dia. Várias frentes já estão alcançando as assinaturas pois vocês desenvolveram bem esse sistema de troca. Mas a gente que não tem assinatura para oferecer tá com dificuldade de alcançar o número. Vocês mesmos pontuaram sobre ajudar uns aos outros dentro do que for possível e, nesse sentido, faço o apelo para os que ainda não assinaram pudessem fazê-lo” – se queixa a assessora de um parlamentar, num dos grupos que caçam apoiamentos.
Esses grupos são batizados como “Frente Parlamentar Temporária”, “Grupos Parlamentares” e “Frentes Parlamentares”.
Existe pedido para as mais diversas criações de frente: do Café, do Livre Mercado, do grupo Brasil-China, do Setor de Serviços, dos Portos e Aeroportos, da Frente Conservadora em Defesa da Liberdade, da Ligação Seca Santos-Guarujá. Estima-se que já chegam a mais de 220 requerimentos dessa natureza circulando nos corredores.
Os próprios deputados estão fazendo um corpo a corpo e indo de gabinete em gabinete pedir apoio a frente que pretende criar.
Geralmente o autor da criação de uma frente, caso obtenha as assinaturas necessárias, vira o coordenador ou presidente desse grupo, que entendem ser um sinal de prestígio e poder.
Nesse esquema da “barganha”, mesmo que um deputado não tenha afinidade com o tema do colega, assina apenas em “retribuição”.