Debate: Bullrich ataca, Massa promete, Milei recua
Eleições na Argentina ocorrem no próximo dia 22 de outubro
atualizado
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No último debate entre os candidatos à Presidência da Argentina os destaques foram os ataques e a disposição de Patrícia Bullrich (Juntos pela Mudança), apoiada pelo ex-presidente Maurício Macri, as promessas de Sérgio Massa (da coalizão governista União pela Pátria) e os recuos e disparates do ultraliberal Javier Milei (Liberdade Avança), que pareceu jogar pelo empate.
A mudança de atitude de Bullrich explica-se. Criticada por uma certa apatia no primeiro debate – posteriormente justificada por uma gripe – a candidata macrista está em terceiro lugar em todas as pesquisas. Além disso, precisa impor sua imagem de linha-dura contra o crime, já que foi ministra de Segurança do governo anterior.
As acusações de corrupção no governo foram os temas principais de seus ataques contra Massa. Chegou a falar um palavrão – em um fútil aceno aos eleitores de Milei, que destila mais palavrões que artigos em seus comícios. A Milei, disparou contra seu projeto de liberação de acesso às armas. O candidato ultraliberal tergiversou e aproveitou a réplica para negar sua antiga proposta de venda de órgãos.
Chamou a atenção crítica – de um manual terraplanista – de Milei para as mudanças climáticas. Para ele, é um discurso para “financiar socialistas preguiçosos para escreverem trabalhos de 4ª série”. As mudanças seriam ciclos que ocorrem há muito tempo, desde muito antes da presença dos homens na terra e não é causada pela humanidade. Ele afirmou também que, se eleito, não irá aderir à agenda 2030 da ONU por se tratar de “marxismo cultural”.
Ministro da Economia de um país sob grave crise econômica, Sergio Massa foi alvo preferido. Deixou de responder algumas questões sobre corrupção e economia, fez promessas para crédito imobiliário, ações contra o crime organizado, redução de impostos, equidade de gênero nos salários. E manteve seu mantra: “[A Argentina deverá escolher entre] voltar atrás, dar salto ao vazio ou apostar num modelo de produção e desenvolvimento.
Massa disse também que colocaria o Hamas na lista de grupos terroristas se eleito. Aliás, todos os candidatos lamentaram o ataque do grupo palestino a Israel.
Participaram também a candidata Myriam Bregman (Frente de Esquerda) – que manteve-se independente e crítica a Massa e, claro aos candidatos de direita -, e o peronista não-kirchnerista Juan Schiaretti (Partido Justicialista) governador da província de Córdoba – que mais defendeu seu estado do que apresentou propostas para o país.
Destaque para o modelo e as regras do debate. Ágil, ainda que superficial, com número limitado de réplicas, permitiu aos candidatos muitos cortes para suas redes sociais. Durou cerca de 1h40. Como tem acontecido, só um desastre faz um debate virar uma eleição, mas reforça as certezas da torcida.