De frente com Pazuello, Múcio diz que política está fora dos quartéis
Audiência tomada por bolsonaristas tem falas contra os militares e lampejos golpistas
atualizado
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O ministro da Defesa, José Múcio, participou de audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional nesta quarta-feira (17/5) na Câmara dos Deputados. Ao lado dos três comandantes das Forças Armadas, disse que a atividade político-partidária anda longe dos quartéis, “como deve ser”.
Um dos deputados presentes era o ex-general Eduardo Pazuello (PL-RJ). O ex-militar foi alvo de processo disciplinar do Exército por participar, ainda na ativa, de ato político do então presidente Jair Bolsonaro (PL), em 23 de maio de 2021, no Rio de Janeiro. O processo só se tornou público em janeiro de 2023 e foi arquivado.
“Nossos militares possuem elevado grau de disciplina e comandantes comprometidos que […] estão cientes de suas responsabilidades perante a pátria pela qual servem”, disse Múcio. Neste momento, Pazuello mexia no celular e pareceu não prestar atenção.
Os comandantes almirante de esquadra Marcos Olsen (Marinha), general Tomás Paiva (Exército) e tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica) apresentaram slides sobre a atuação das forças para a defesa nacional.
Ao comentar sobre as operações de Garantia de Lei e da Ordem na Amazônia, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) disse que nenhuma ação era efetiva contra o crime e o garimpo ilegal. “Foi enxugar gelo o tempo inteiro”, afirmou.
O ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro ainda se declarou contra as GLOs e pediu a revogação do Artigo 142 da Constituição –texto muito usado por bolsonaristas para defender um papel “moderador” das forças armadas.
“Apoio nosso pela mudança do artigo (142). Tanto se falou na história do papel moderador. Não tem papel moderador nenhum. Não foi usado e não deve ser usado”, afirmou.
Quem também disparou contra as forças armadas foi Marcel van Hattem (Novo-RS). O deputado disse que as FAs estão corrompidas, chamou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de “autoritário” e perguntou diretamente ao general Tomás Paiva o que ele fará para “reverter” isso. “A cada dia que se bate continência para um bandido a situação piora”, afirmou.
Paiva rebateu: “o Exército é uma força apolítica, apartidária, imparcial e comprometida com a Constituição brasileira”.