CPI investiga se “pãozinho milionário” alimentava lavagem de dinheiro
Quatro panificadoras receberam R$ 11,7 milhões de exportadora ligada a empresa investigada pela CPI da Covid-19
atualizado
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Por Manoela Alcântara
Uma receita de pãozinho milionária elaborada por quatro padarias está na mira da CPI da Covid-19. Juntas, as panificadoras receberam R$ 11,7 milhões entre 2019 e 2020. A fortuna foi repassada para a empresa Elite Trading Comércio, Importação e Exportação, ligada à Primarcial Holding e Participações Ltda.
A empresa fica no mesmo endereço da Precisa Medicamentos, que atuou na negociação de venda da vacina Covaxin ao Ministério da Saúde, em negócio frustrado ante a sucessão de escândalos apontados pela CPI.
A suspeita é que as padarias Carlinhos CNS Padaria e Mercadinho, a Dax Padaria e Merc Eireli, Padaria e Mercadinho Uberlan Eir e Princesa Renata Padaria e Mercadinho, localizadas em São Paulo, façam parte de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a Primarcial.
A teia de transações bancárias com os nomes das panificadoras, a partir de investigações da Polícia Federal e de quebras de sigilo, está em documento ao qual este blog teve acesso. “Haja pão para ser produzido em um ano”, ironiza o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). E vai adiante:
“A empresa de Trento (Primarcial) passava o dinheiro para a Elite e a Elite transferia para as padarias. Não há nada que justifica esse montante de dinheiro. Eu queria saber por que a Elite Participações tem tanta obsessão para transferir recursos a padarias. É uma empresa de participações. Por que transferências para padarias?”
Randolfe perguntou isso a Danilo Trento, diretor oculto da Precisa e sócio da Primarcial. Suspeita que ele seja o “chefe da lavanderia” da empresa que intermediou a venda da vacina indiana Covaxin ao governo federal. Trento calou-se.