Convenção de Bolsonaro, dessa vez, não terá o “se gritar pega Centrão”
Há quatro anos e dois dias atrás, Bolsonaro era lançado candidato contra os esquemas e as oligarquias, hoje todos seus aliados
atualizado
Compartilhar notícia
Jair Bolsonaro será lançado hoje candidato a reeleição à Presidência da República no Maracanãzinho, no Rio. O local está distante apenas 4,3 quilômetros do Centro de Convenções Sulamérica, na Cidade Nova, onde há quatro anos o atual presidente teve seu nome consagrado, em outra convenção, para ser o candidato do PSL ao Palácio do Planalto.
A distância é curta, mas a diferença entre aquele Bolsonaro e o deste ano é de anos luz. Não sobre o seu pensamento de forma geral. Segue pregando o de sempre: a população armada, a defesa da ditadura, a democracia como inimiga, a violência como prática cotidiana, a homofobia, o racismo e “pontos de vistas” outros.
Ah, sim, teve uma pandemia nesse intervalo de quatro anos, que mostrou ausência de empatia do presidente pelas milhares de vítimas.
O que descolou de vez de Bolsonaro de 2018 para 2022 é o discursinho de novidade política e do candidato contra as velhas práticas e o ungido para acabar com o toma lá dá cá.
Quatro anos atrás, o general Augusto Heleno, o chefe do GSI, fez a gracinha no palanque de cantarolar sua versão desafinada e com a mudança no refrão do samba “Reunião de bacana”, de Ary do Cavaco e Bebeto Di São João.
Quem não se recorda do general ao microfone: “Se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”. No refrão original, onde está “centrão” diz-se “ladrão”.
Heleno morreu pela boca nesses quatro anos, já que o Centrão passou a tomar conta do governo ao qual pertence. O general precisou dar explicações nesses quatro anos. E Bolsonaro trocou o PSL pelo PL, de Valdemar da Costa Neto.
Certo é que, na “reunião de bacana” hoje no Maracanãzinho não se ouvirá “se gritar pega centrão…”