Campos Neto vira “conselheiro informal” do Centrão
Agenda do presidente do Banco Central prioriza congressistas do PP e PL; deputados pedem pitacos em projetos de economia
atualizado
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O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, se reuniu pelo menos nove vezes com congressistas do Centrão nos últimos dois meses. As informações são da agenda pública do BC. Segundo deputados e senadores consultados pelo blog, Campos Neto tem dado conselhos sobre a pauta econômica do Congresso e pitacos em projetos de lei, como o dos juros rotativo do cartão de crédito.
Segundo relatos, a ideia de estabelecer um limite para as taxas de juros no crédito rotativo surgiu de Campos Neto. Tanto internamente no Banco Central quanto publicamente, o presidente tem defendido a eliminação dessa modalidade.
Os conselhos de Campos Neto, segundo os congressistas, são de tom professoral e de linguagem simples, “para fazer com que todos entendam”.
O recorte de dois meses é justamente por contemplar o segundo semestre do Legislativo, definido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como o período para avançar com as pautas econômicas. O próprio Lira se encontrou com Campos Neto. A reunião aconteceu em 9 de agosto, a portas fechadas.
Há encontros com caciques do Centrão como Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Joaquim Passarinho (PL-PA) e Zequinha Marinho (Podemos-PA), em um almoço da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE).
A lista também inclui José Nelto (PP-GO), Júlio Lopes (PP-RJ), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), Fernando Máximo (União Brasil-RO), Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), Ricardo Silva (PSD-SP), Alex Manente (Cidadania-SP); Bia Kicis (PL-DF), Osmar Terra (MDB-RS), Rodrigo Cunha (Podemos-AL), entre outros.
É importante destacar que no mesmo período houve reuniões de Campos Neto com setores do governo, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (29/08), e a ministra da Gestão, Esther Dweck (16/08). O deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) foi o único congressista petista recebido no período, segundo a agenda oficial.
Do lado do governo, a justificativa pela baixa presença na agenda de Campos Neto foi a que não há o que conversar com quem “sabota” a economia brasileira. Já do lado do Banco Central, a resposta é que o governo “não gosta” da direção atual do BC, isso motivaria o distanciamento.