Busca por desaparecidos da ditadura continuará com Lula, diz transição
Integrante do GT de Justiça e Segurança Pública, Wadih Damous critica possível fim da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos
atualizado
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Integrante do grupo da transição de Lula, o advogado e ex-deputado Wadih Damous, do PT, reagiu à decisão do governo Bolsonaro em encerrar os trabalhos da Comissão de Mortos e Desaparecidos, instituída em 1995.
O presidente da comissão, Marcos Vinícius Carvalho, para semana que vem votação do relatório final, que, se aprovado, colocará fim às buscas pelas vítimas da ditadura implantada em 1964. O governo tem maioria nesse colegiado.
Damous criticou o possível fim da comissão, disse que Bolsonaro nunca escondeu simpatia por torturadores e afirmou que, se de fato extinta, o governo Lula irá restituir esse trabalho e retomará as buscas pelos restos mortais dos opositores do regime militar.
“A possível extinção da comissão é mais uma ação regressiva do governo Bolsonaro, que não consegue distinguir o que é política de governo e de estado. Além de ser um governo reacionário, de extrema direita, não reconhece o fato de pessoas terem sido vítimas de desaparecimento forçado à época da ditadura, que é um fato público, notório e reconhecido” – disse Wadih Damous ao Blog do Noblat.
O blog publicou ontem que a comissão, sob o governo Bolsonaro, não fez sequer uma diligência para localizar os corpos desses militantes de esquerda e, ao contrário, atuou para minimizar os efeitos e consequências da ditadura, hoje enaltecida nas portas dos quartéis por admiradores do presidente, que pedem intervenção das Forças Armadas na política.
Damous, que presidiu a OAB no Rio e também a Comissão da Verdade no estado, afirmou que as buscas serão retomadas a partir de 2023.
“Vai caber ao novo governo tomar as providências para que seja restabelecida a Comissão de Mortos e Desaparecidos, que não terminou a sua missão. Aliás, enquanto não se informar à sociedade e aos familiares o paradeiro dessas pessoas que desapareceram e em que circunstâncias foram assassinadas, a comissão se fará necessária e tem que existir” – completou Damous, que integra o GT de Justiça e Segurança Pública da transição.
“Todos nós sabemos que Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia por torturadores, haja vista o seu voto no julgamento do impeachment da presidenta Dilma, quando dedicou seu voto ao mais emblemático dos torturadores brasileiros, o coronel Brilhante Ustra” – afirmou.