Bolsonaristas vão usar tese de Lula de que Bolsonaro foi “covardão”
Se ex-presidente “desistiu” de tentativa de golpe, não há materialidade de crime de golpe de Estado, avaliam
atualizado
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A narrativa que bolsonaristas usarão nesta semana no Congresso Nacional para defender Jair Bolsonaro (PL) será na mesma linha do que o presidente Lula (PT) falou ontem (18/03), em reunião ministerial no Palácio do Planalto. O petista chamou Bolsonaro de “covardão” ao dizer que o ex-presidente não teve coragem de dar um golpe.
“Não teve golpe não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, mas também porque o presidente é um ‘covardão’. Ele não teve coragem de executar aquilo que planejou. Ficou trancado aqui no Palácio, chorando durante quase um mês antes de fugir para os Estados Unidos”, disse Lula.
A tática bolsonarista é usar a segunda afirmação de Lula, depois do “covardão”, ao dizer que Bolsonaro não consumou aquilo que planejava. A estratégia é dizer que não há materialidade do crime, já que não houve golpe.
A estratégia se junta à de alegar que não é possível dar um golpe de Estado com elementos presentes na Constituição Federal, como Estado de Defesa e Estado de Sítio. Bolsonaro, portanto, não fez nada de ilegal.
Os bolsonaristas também ironizarão a queda de popularidade do presidente Lula. Dirão que o “covarde” Jair Bolsonaro pode encher uma Avenida Paulista e mobilizar apoiadores, enquanto o atual chefe do Executivo não consegue sair às ruas.
O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse o presidente está em “desespero completo” com a direita, que “vive seu melhor momento desde 2020”, enquanto a esquerda estaria em baixa. “É ladeira abaixo”.