Zema parece viver fora da realidade. Mas não é bobo. Nesse fim-de-semana, deu trela a sua refrega distorcida e doentia: defendeu rasgar o mapa do Brasil. Sul e Sudeste para lá, Norte, Nordeste e Centroeste para lá. O governador de Minas conseguiu trazer de volta à pauta Aécio Neves.

Murcho e seco politicamente, ainda esperto, Aécio, que governou Minas por oito anos, aproveitou bem o desatino de Zema e foi citado por toda a mídia nas últimas horas. “Foi um desserviço ao Estado. Nunca fomos antagônicos às regiões mais pobres do país, até porque fazemos parte delas. É preciso corrigir rapidamente a rota para não sermos, a partir de agora, vítimas de retaliações que não precisamos”, cutucou.

Talvez nem os mineiros que reelegeram Romeu Zema em primeiro turno, em 2022, continuem a considerar o governador do seu estado.  Mas, por incrível que pareça, não é o que mostrou pesquisa nacional Quaest, após as desavenças entre Tarcísio e Bolsonaro, durante votação da reforma tributária. No termômetro da extrema direita, Zema subiu. Tarcísio desceu.

Zema pode ter caído agora. O governador de SP deve ter subido de novo após a chacina do Guarujá. É a lógica da direita e, principalmente, extrema direita. Quem votou e não votou em Tarcísio nunca se enganou com ele, mas a matança de Guarujá mostrou que aprendeu a governar direitinho com seu “mito”. Tarcisio aprovou a ação da polícia, inferência clara de “bandido bom é bandido morto”.

Direitistas reinaram no noticiário nos últimos dias, destroçando, espalhando sujeira.

O hacker que não é hacker – foi acusado de estelionato, participou de reuniões em gabinetes das Forças Armadas, esteve com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Tudo em torno da tentativa de burlar os resultados das eleições. O buraco é fundo. Tem Carla Zambelli (amiga do hacker) sob a mira da Polícia Federal, e o balcão de negócios escusos no Palácio do Planalto, onde o coronel Mauro Cid tentou vender (não se sabe se vendeu, afinal) um Rolex cravejado de brilhantes.

Bolsonaro anda pelas beiradas desses personagens. Confirmou que esteve com o hacker, sim, no Planalto, com Zambelli e o onipresente Mauro Cid. Falaram de urnas eletrônicas. Bolsonaro Insufla, sempre. E, claro, enquanto não cai no ostracismo, tira proveito dos seus seguidores. Doaram a ele, via Pix, R$ 17 milhões para “custear seus processos”. Ele já avisou que está usando para despesas da casa.

Não tem vergonha. Nem o nefasto, nem Carla, nem Cid, nem Tarcísio. Nem Zema. Dia desses ouvi de um legítimo representante da direita – nem Lula nem Bolsonaro – que Flávio Dino é pau mandado de Lula, está no governo “apenas” para acabar com Bolsonaro e sua malta.

Dino é competente, juiz, ex-governador, preparado. Não está Ministro da Justiça “apenas” para isso. Mas … se puder acabar com a gangue, tomara que seja bem sucedido!

Ainda bem que temos Sâmia.

Combativa, em seu segundo mandato na Câmara Federal, aos 33 anos, Sâmia Bonfim não baixa a crista. Encara os machistas, membros da CPI do MST, com a altivez de quem tem ficha limpa. O presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco, não pode dizer o mesmo. Amigo próximo de fazendeiros que condenam o MST, recebeu doação do agro. O relator, Ricardo Salles, está enrolado em dezenas de processos. Numa das primeiras sessões da CPI, Samia leu em plenário nota em que  Alexandre de Moraes determinara investigações sobre participação de Zucco nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. Teve o microfone cortado. Semana passada, foi agredida verbalmente num claro ato de machismo e gordofobia. Abriu mais um processo contra os fascistas. Viva Sâmia! Tmj!

 

Mirian Guaraciaba é jornalista