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Vai rolar guerra nuclear? (por Eduardo Fernandez Silva)

O que fará o fortão da Rússia?

atualizado

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Sefa Karacan/Anadolu Agency via Getty Images
Putin compara invasão da Ucrânia à vitória sobre nazistas na 2ª guerra
1 de 1 Putin compara invasão da Ucrânia à vitória sobre nazistas na 2ª guerra - Foto: Sefa Karacan/Anadolu Agency via Getty Images

Esperamos que não, mas….

Richard Betts explora a possibilidade na Foreign Affairs (04/07/22). Se, com o crucial suporte do “Ocidente”, a Ucrânia estiver a ponto de ganhar a guerra, o que fará o fortão da Rússia? Aceitará a derrota ou usará armas nucleares? E se as usar, qual resposta dará o Oeste, dirigido por machões que matam sem pestanejar, como no Velho Oeste de Hollywood?

Não detonar uma bomba equivalente poderá ser visto como covardia, e qual suposto macho alfa quer isso, ainda mais com a divisão interna nos EUA? Responder com forças ditas convencionais poderá adiar a reação atômica mas, se a OTAN chegar perto de ganhar a guerra, o que impedirá os russos de tentarem virar o jogo com outra explosão atômica? Reagir detonando uma bomba bem mais forte será um convite a que o outro lado exploda uma ainda maior, e então, explode aqui explode ali, morreremos todos, machões, gays, pacifistas e guerreiros, capitalistas e comunistas, idosos e jovens, animais humanos ou não, e se confirmará a única previsão com a qual todos concordam sobre uma guerra atômica: haverá apenas vencidos e destruídos! A loucura dos poderosos nos destruirá?

Não obstante o previsível desastre, é para lá que os valentões de ambos os lados nos levam. Nesse quadro, ignorando que tal adjetivação reduziria as chances de paz, Joe Biden chamou seu opositor de “criminoso de guerra”. Ou terá sido proposital, em mesura ao complexo industrial-militar-consumista-financista? A reação do Putin foi nova ameaça: “ainda não começamos as coisas sérias”.

Num mundo com tanta fome, urgência pela transição energética e por melhorar a qualidade de vida dos cinco bilhões de muito pobres, como poderá ser um caminho para a segurança coletiva aumentar os orçamentos militares, como a OTAN se propôs a fazer há poucos dias? Ou será que aqueles que lucram com guerras continuam mandando e acreditam num milagre que lhes permita gozar os lucros decorrentes do conflito após quase todos virarmos cinzas?

Sanções econômicas foram impostas à Rússia para evitar a resposta militar, pois é grande demais o risco de escalada nuclear num conflito entre machões nucleares. Os resultados das sanções não foram os esperados e o tóxico discurso que impera continua a nos empurrar na direção do genocídio/suicídio.

Para evitá-lo o diálogo deveria prevalecer, mas os diplomatas seguem orientação dos machões incumbentes. Betts sugere que se busque motivar China, Índia e outros com armas atômicas – que, como todos nós, têm interesse em evitar uma guerra nuclear – a declararem que apenarão a Rússia, caso uma nova Hiroshima seja criada.

Embora fraca, a ideia é boa. Melhor ainda seria uma declaração semelhante por 95% ou mais das nações, instando que ao invés de mais armas os recursos sejam dirigidos à eliminação da dupla degradação, humana e ambiental.

Fosse outro seu dirigente, o Brasil, com sua tradição diplomática, poderia liderar essa trilha, com benefícios para nós e para todos no mundo!

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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