metropoles.com

Uma ferramenta na luta pela igualdade de gênero (Por Mariana Deperon)

O aniversário da Lei Maria da Penha deve ser um momento de reflexão para a construção de ambientes mais seguros às mulheres

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Arte/Metrópoles
capa_Ilustrações – Maria da Penha
1 de 1 capa_Ilustrações – Maria da Penha - Foto: Arte/Metrópoles

A Lei Maria da Penha completa 18 anos em 2024. Além do seu reconhecimento nacional e internacional, Maria da Penha, que foi vítima de violência doméstica,  atua ativamente para divulgar a Lei n. 11.340/2006 e contribuir para a conscientização dos operadores do Direito, da classe política e da sociedade de uma maneira geral sobre a importância de sua correta aplicabilidade, ao mesmo tempo em que esclarece também a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência.

Desde a sua criação, a lei nunca sofreu retrocessos. Neste aniversário da lei, é importante celebrar que ela representa um marco na proteção das mulheres contra a violência doméstica no Brasil. Ela não só cria mecanismos de punição mais rigorosos para agressores, mas também oferece medidas de proteção imediata às vítimas, como afastamento do agressor e atendimento especializado. A lei promove a conscientização sobre os direitos das mulheres, incentiva a denúncia e busca mudar a cultura de tolerância à violência. Além disso, contribui para a criação de políticas públicas voltadas à prevenção e ao enfrentamento da violência de gênero.

A violência contra a mulher é um reflexo de desigualdades estruturais que precisam ser combatidas sob vários prismas, inclusive por meio de  políticas públicas, educação e projetos nas organizações e empresas. A conscientização sobre a Lei Maria da Penha é fundamental para que se possa compreender mais sobre violência doméstica e familiar, incluindo procedimentos de denúncia, acolhimento, e serviços disponíveis na esfera pública.

O debate em torno da lei também pode ensejar conversas e ações relacionados a outros tipos de violência que ocorrem com as mulheres, como é o caso das microagressões, da importunação sexual, do assédio sexual, e do estupro.

Sob esse prisma, é importante que as empresas se conscientizem mais sobre temas relacionados às violências de gênero, tendo um papel crucial no combate à violência contra a mulher. Além de impactar diretamente a produtividade e a saúde das colaboradoras, a violência doméstica e no ambiente de trabalho é um reflexo de desigualdades estruturais que precisam ser abordadas.

As empresas podem contribuir implementando políticas de igualdade de gênero, criando canais de denúncia, oferecendo treinamento a gestores, e promovendo um ambiente seguro e inclusivo. A conscientização da alta liderança e a adesão a coalizões empresariais são passos fundamentais para transformar a cultura organizacional e social.

O aniversário da Lei Maria da Penha deve ser um momento de reflexão para que efetivamente possamos construir ambientes mais seguros às mulheres, observando-se todas as interseccionalidades.

Os dados sobre violência doméstica no Brasil são alarmantes. Em 2012, com a realização da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que visava investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil, entre outros, observou-se que o Estado Brasileiro deve levar bastante a sério o enfrentamento à violência contra as mulheres, particularmente para reduzir os feminicídios praticados por parceiros íntimos,

Neste relatório, verificou-se que, com exceção das modalidades de violência sexual e de assédio, em todas as demais modalidades de violência o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados pelas mulheres.

No que respeita à raça/etnia, a pesquisa informa que 35% das mulheres que já sofreram alguma violência são pardas, 11% negras e 45% brancas. Somando-se negras e pardas, estas são agredidas em 46% dos casos. Amarelas e indígenas correspondem a 2% cada.

Além disso, de acordo com o Mapa da Violência 2012: Homicídios de Mulheres no Brasil (Cebela/Flacso, 2012),  duas em cada três pessoas atendidas no SUS em razão de violência doméstica ou sexual são mulheres; e em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência no exercício da violência contra a mulher. O SUS atendeu mais de 70 mil mulheres vítimas de violência em 2011 – 71,8% dos casos ocorreram no ambiente doméstico.

Um ponto essencial para refletir sobre esse tema é que todas as esferas da sociedade possam atuar de modo a conscientizar as pessoas sobre os efeitos do sistema patriarcal, em observância ao Objetivo de Desenvolvimento n. 5 da ONU, por meio de projetos de educação que atuem na desconstrução de estereótipos de gênero e na promoção da equidade.

Mariana Deperon é sócia fundadora da Travessia Estratégias em Inclusão, é advogada e responsável por projetos e programas ESG e D&I na área de esportes da organizaçãoArtigo transcrito do Le Monde Diplomatique Brasil – https://diplomatique.org.br/

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?