Um tributo a José Sarney (por Ricardo Guedes)
O Brasil não tem tradição de homenagear os seus homens públicos
atualizado
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O Brasil não tem tradição de homenagear os seus homens públicos. Na semana de seu aniversário, presto um tributo a José Sarney. Muito me admiro em seus exímios textos, onde em muito aprendo.
José Sarney é um dos mais representativos políticos da história contemporânea de nosso país. Junto com Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, fizeram a redemocratização do Brasil. Uniu-se a política mineira, a eficiência paulista, e a perseverança nordestina. Nas palavras de Euclides da Cunha, “o sertanejo é antes de tudo um forte”. Nas palavras de Guimarães Rosa, “eu quase que nada não sei, mas desconfio de muitas coisas”, nas Minas Gerais. E como sabemos, no dito do Ipiranga, “São Paulo não pode parar”.
No Itamaraty, a festa da posse que nunca ocorreu. Com a morte do saudoso Tancredo Neves, Sarney assume a Presidência da República. Nas sábias palavras de Ulisses Guimarães, “é a Constituição, Sarney”.
Na Presidência, fez o Plano Cruzado, prenúncio e base do bem-sucedido Plano Real. Governou durante a Constituinte de 1987-1988, deixando o nosso país em sua democracia eleitoral, na transposição de um paradigma. Político, jornalista, e membro da Academia Brasileira de Letras, de que hoje tanto representa a diversidade brasileira, da qual tanto nos orgulhamos.
Sarney experimentou em sua vida, com participação e percepção, momentos históricos de nossa história, de Getúlio aos nossos dias, na condição de ator, intérprete, e testemunha do relevante. Seus textos hoje exprimem a sapiência e ponderação de fatos que ocorreram, do alto de quem foi Presidente, mas na simplicidade da relevância.
Nestes tempos atuais, de tantas dissensões e falta de consenso, Sarney pode em muito ajudar na compreensão para um país melhor. Elo a ser ouvido, intérprete, e conselheiro, da nação.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus