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Um Menino chamado Jesus (por José Sarney)

O verdadeiro simbolismo do Natal

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Brasília (DF), 28/11/2024. Lançamento da temporada de Natal do Pontão do Lago Sul. Fotos: Wey Alves/Metropoles@weyalves_
1 de 1 Brasília (DF), 28/11/2024. Lançamento da temporada de Natal do Pontão do Lago Sul. Fotos: Wey Alves/Metropoles@weyalves_ - Foto: Wey Alves/Metropoles@weyalves_

O que é o Natal? Hoje, uma festa de confraternização universal, momento da fraternidade, a farra da mídia e do consumismo. Passamos mais um. Deus nos deu a graça da vida para abraçar amigos, reunir a família e, com o mundo globalizado, usufruir de uma alegria universal padronizada, entre o velho Papai Noel e luzes, fogos, festas.

Há um esquecimento quase total do verdadeiro simbolismo do Natal, uma data essencialmente religiosa. É o fundamento do Cristianismo. É a certeza de que o Deus de todas as coisas, que criou este planeta azul e o homem à sua semelhança, quis que não ficássemos sós na face da Terra, que tivéssemos a visão de que algo de transcendental existe em nossas vidas. Para isso, mandou que Cristo assumisse a condição humana e habitasse conosco este pequeno espaço, na vastidão do universo.

Ele chegou. É essa chegada o Natal. É o sinal anunciado pelos profetas. Cristo nos ensinou regras de ouro. Trouxe uma mensagem e uma conduta de vida. “Todos somos irmãos”, criados por Deus, presos entre a vida e a morte. Deu-nos outra regra que é a síntese de todos os compêndios de conduta ética: “Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam.” E ainda: “Amai-vos uns aos outros.”

Eu ainda vivi, menino, no interior do Maranhão, entre luzes de candeeiros e velas de devoção, o Natal bíblico. Todos reunidos à meia-noite, rezando, meu avô de bíblia na mão, lendo os textos sagrados anunciando a vinda do Salvador. A Missa do Galo, numa pequena igreja, onde todos se conheciam, ouvindo aquele sino pobre e solitário, na escuridão da praça, sem outras luzes senão as das estrelas. Esperando acordar no outro dia e encontrar, debaixo da rede, o presente de Papai Noel. Um tambor artesanal de lata, pintado, vendido pelo funileiro da cidade. Um cavalo de madeira tosca feito pelo santeiro escultor, pintado de azul, com bolas brancas.

Vejo os brinquedos eletrônicos de hoje. A maravilha dos monstros dinossauros que as crianças adoram. Mas nada mais belo, ninguém mais feliz do que nós, meninos dos tempos dos tambores de lata e barquinhos de buriti.

Depois, é a marcha da Eternidade. Uma geração de tantas transformações. A pergunta de Machado de Assis é quase lugar-comum, tantas vezes citada, mas é pertinente: “Mudou o Natal ou mudei eu?” Mudou o Natal. O homem não mudou. Continua sendo aquilo que Irven Devore dizia: um caçador. Outrora, atrás da presa, hoje caçando sonhos.

Caçar sonhos é uma grande proposta nestes dias de festa, depois de Natal e fim de ano. Ver um Brasil sem desemprego, sem miséria, sem pobreza, sem violência. Um país unido, numa conduta cristã, a ética de uma vida em que o homem não seja o lobo do homem.

É possível? Tudo pode acontecer em nossa imaginação, no poder da esperança. E quem quiser ter esperança venha a São Luís e acompanhe a “Natalina da Paixão”, cantando: “Vem, Jesus Cristinho, / vem, Jesus Menino”.

E Ele vem.

Sarney foi presidente

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