Simone Tebet: uma luz desponta na Terceira Via (por Vitor Hugo)
Tebet foi a primeira representante feminina a comandar a Comissão de Constituição e Justiça do Senado
atualizado
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“Eia Sus” (Viva senhor). Assim, imagino, saudaria Gregório de Matos, poeta e polemista maior da Cidade da Bahia em seu tempo, no Império, o que se avista desde o Planalto Central do País nestes recentes tortuosos e soluçantes dias de julho. A senadora do MDB de Mato Grosso do Sul, Simone Tebet – líder da bancada feminina no Senado, ex-presidente da CCJ e voz destacada da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga ações, omissões e malfeitos do Governo Bolsonaro (sem partido) no combate à Covid-19, – em entrevista, dia 12, na Rádio Capital, em Campo Grande, respondeu a pergunta sobre seus planos políticos para 2022, e sem tergiversar disse que o seu projeto atual é contribuir para o fim da pandemia, que já tirou a vida de quase 440 mil brasileiros até aqui, e renovar o mandato de senadora por seu estado. Mas acrescentou estar consciente de que cresce, em seu entorno, movimento para que ela seja opção de pré-candidata à presidência da República, do seu partido, como alternativa contra a polarização que se vislumbra entre o mandatário atual, à direita, e o ex, Lula, à esquerda.
Na conversa, a filha de Ramez Tebet, (ex-presidente do Senado, ligado às lutas de resistência democrática contra a ditadura, (comandadas no Parlamento por Ulysses Guimarães) pontuou: “há sim, um forte movimento dentro do MDB buscando unir forças e esforços a favor de uma terceira via e, dentro do meu partido, eu apareço como uma pré-candidata à Presidência à República. Tá crescendo sim, muito fortemente, o movimento”, disse a senadora.
Mas não se diga – sob pena de ser acusado de ter trava nos olhos ou de alienação dos fatos – que Simone apareceu do nada. Ou que é fruto apenas de sua inteligente e elegante participação na CPI da Covid, mesmo sem ser membro efetivo da masculina comissão investigadora. A aposta presidencial na senadora se respalda em seus firmes e lúcidos posicionamentos políticos, pessoais e parlamentares, além de ser mulher – e que Mulher! – no molde da canção consagrada por Ellis Regina. Aspecto positivo e atraente, pois em caso de um eventual confronto com Lula ou Bolsonaro, isso terá seu peso específico, com ganho para ela.
Mas ela está longe de ser só isso, um bonito retrato na parede do marketing da campanha. Afinal, Tebet foi a primeira representante feminina a comandar a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (a mais importante do Congresso), a primeira a presidir a Comissão de Defesa da Mulher, e nome expressivo do Congresso no combate à corrupção. Concorreu à presidência da Casa, sendo vencida por Rodrigo Pacheco mas fez o mineiro e seus apoiadores (entre eles o presidente Bolsonaro) promover arranjos do arco da velha para derrotá-la. Em Mato Grosso do Sul, Tebet foi duas vezes prefeita de Três Lagoas, duas vezes deputada estadual e vice-governadora. Uma líder sob medida para alçar vôos mais altos. Bem mais altos.
Este jornalista mesmo já escreveu, no Blog do Noblat e na Tribuna da Bahia, em 2019, que Simone Tebet despontava como um dos nomes mais consistentes de seu partido e da política nacional, qualificada para “conquistar em breve, o posto de primeira mulher a presidir o Senado da República”. Em face dos fatos que se seguiram e da decisiva e relevante atuação na CPI da Covid-19, mantenho o palpite inicial e dobro a aposta: Simone Tebet ergue-se como o nome esperado para o embate presidencial de 2022. Com Lula, Bolsonaro ou quem mais vier. A ver.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h.@uol.com.br