Simone Tebet é o caminho liberal-progressista em 2026 (Felipe Sampaio)
A senadora reformará o Centro Democrático, proporcionando uma alternativa política robusta aos eleitores daqui a 4 anos
atualizado
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Nos próximos quatro anos, se vencer a miopia dos cartolas caretas, Tebet reformará o Centro Democrático, proporcionando uma alternativa política robusta aos eleitores em 2026.
Já dizia Fernando Henrique Cardoso, vencer uma eleição para presidente tem mais a ver com circunstâncias do que com planos. Se for assim, Tebet largará com vantagem, pois está no lugar certo, na hora certa.
O componente emocional destas eleições congelou as intenções de voto, desde antes do início da campanha. Faltando uma semana para a primeira rodada de votação, se houver segundo turno, será entre Lula (que pode liquidar a fatura no dia 02) e Bolsonaro.
Nesse quadro passional, outros candidatos não tiveram chance. As eleições de 2022 são um duelo de rejeições entre um ex-presidente e o atual. Nesse clima, o eleitor não se arrisca a ver seu extremo oposto ocupar a presidência por mais quatro anos.
Ainda assim, o ‘troféu revelação 2022’ vai para Simone Tebet (deixa a disputa tendo despertado respeito, simpatia e interesse no eleitor). Mesmo desconhecida Brasil afora, manteve rejeição insignificante e multiplicou sua fatia de votos inicial.
Segundo algumas pesquisas, se fosse para o segundo turno, a Senadora poderia vencer Bolsonaro e não faria feio contra Lula. Enquanto isso, quem esperava que dessa vez Ciro animasse o eleitor, viu o candidato minguar para menos de 10%.
Nessa reta final, para piorar a vida da concorrência, Lula e Bolsonaro reforçam a artilharia para conquistar a confiança de indecisos, atraírem a esperança dos que precisam de bolsas e auxílios, e seduzirem o ‘voto útil’ de Tebet e Ciro.
Simone Tebet não é novata nem ingênua na política, acostumada a desafios e vitórias. Vinda do Pantanal, formou-se no Rio de Janeiro e é Mestre em Direito pela PUC de São Paulo. Foi professora universitária, deputada estadual, prefeita (reeleita com 75% dos votos), vice-governadora e Senadora.
Soube aproveitar com inteligência o primeiro turno, de olho em 2026. Usou com habilidade seu tempo de TV, a verba eleitoral, os debates e o peso histórico do MDB e do PSDB, para se apresentar e conhecer o País.
De quebra, se houver segundo turno, prepara-se para subir no ‘palanque pela democracia’ e consolidar sua imagem. Para isso, toma o cuidado de estabelecer limites em uma eventual aliança com Lula (ao demarcar de antemão as diferenças, está preservando sua independência como candidata de oposição em 2026).
Caberá à velha guarda do Centro admitir a liderança renovada, de perfil liberal-progressista que poderá devolver tucanos e emedebistas ao palco principal da política brasileira.
Felipe Sampaio: ex-assessor especial dos ministros da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018); foi secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife; colabora com o Centro Soberania e Clima.