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Sergio Massa é a última aposta do peronismo

Além da economia, sua missão é apaziguar a crise política no governo

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Sergio Massa
1 de 1 Sergio Massa - Foto: Reprodução

O governo de Alberto Fernández termina ao fim de 2023, mas pode-se dizer que ele acabou no último dia 28 de julho, com a nomeação de Sergio Massa para o cargo de “superministro”. Ele deixa a Presidência da Câmara dos Deputados e passa a comandar uma pasta que unifica os ministérios da Economia, Desenvolvimento e Agricultura, Pecuária e Pesca. O advogado também dirigirá o Banco de la Nación, maior banco do país.

Para tentar frear as expectativas, Massa escreveu em um tuíte que “a política não precisa de salvadores, mas de servidores. Os problemas econômicos da Argentina não podem ser resolvidos por uma pessoa”. Salvador ou não, ele vai representar o enfrentamento do país às crises econômica e política.

Na semana passada a inflação nos últimos 12 meses passou dos 60% e há projeções que a aproximam dos três dígitos em 2022. A cotação do dólar no câmbio paralelo ultrapassou os 300 pesos pela primeira vez. Há escassez de produtos importados e as reservas cambiais rareiam. A situação só não é pior do que o curralito de 2001, quando o ex-presidente Fernando de la Rua restringiu os saques em bancos de todo o país.

Massa já prometeu respeitar o acordo com o FMI assinado em janeiro e as conversas iniciadas por sua antecessora, Silvina Batakis – que chefiou a economia do país por menos de um mês. O superministro tem bom trânsito entre empresários e participou das negociações com fundo e com os credores abutres de 2020. Certamente anunciará um duro ajuste fiscal e outras medidas impopulares, adiadas desde o início do governo Fernández e jamais apoiadas pelo kirchnerismo.

Sua nomeação era quase certa para suceder o ex-ministro da Economia Martín Guzmán, mas foi vetada por Cristina Kirchner, que não aceitou a exigência de amplos poderes de Massa. Encurralada, temendo perder ainda mais seu capital político, abriu espaço para seu ex-desafeto. Se Massa equilibrar as contas do país, será uma derrota para a vice-presidente.

As rugas entre os dois acirraram-se em 2008, quando Massa deixou a chefia do Gabinete de Cristina. Em 2015 candidatou-se à Presidência da República, alcançando 21% dos votos com críticas ao kirchnerismo. Em 2019 abandonou uma nova candidatura à Casa Rosada e aliou-se a Fernández, elegendo-se deputado.

Mais do que a crise econômica, a missão de Massa é apaziguar a crise política no governo. Alberto e Cristina nunca se entenderam e a viúva de Nestor, com muito mais poder, impossibilitou qualquer autonomia ao presidente. Cada passo de Fernández tem que ser negociado com ela. Com bom diálogo entre as diversas alas do peronismo, Massa tentará uni-las para salvar o governo e suas chances nas eleições de 2023, já que naturalmente seria um candidato.

É uma aposta arriscada para todos. Tanto poder deixará Massa sem desculpas, caso fracasse. Enfraquecido, Fernández só tem a perder, independente do desempenho do superministro. Kirchner cede os holofotes e continuará defendendo sua imagem e seu poder dentro do peronismo. Se Massa não vingar, restará aos três ser oposição do próximo governo.

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