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Sem teto de gastos e sem rumo (por João Bosco Rabello)

O que está em cartaz no palco político é o teatro populista da reeleição

atualizado

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Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os rumos que ganharam o debate e as ações sobre o auxílio emergencial confirmam a prioridade eleitoral do governo, desde a posse do presidente Bolsonaro. O que está em cartaz no palco político é o teatro populista da reeleição. Como já ocorrera – e ainda ocorre – na condução da pandemia pelo viés econômico em detrimento do aspecto humano e social.

Subtraídas todas as críticas do governo à CPI da Covid, um mérito segue de pé – a confirmação, com fartura de provas, do atraso deliberado da vacinação e da liderança presidencial no boicote às medidas de contenção do vírus. E a economia não ficou preservada como imaginou o governo.

A questão de fundo da prorrogação neste ano do auxílio emergencial – e sua continuidade em 2022 com alcance e valor ampliados – é a reeleição não só do presidente Bolsonaro, mas também a dos parlamentares de sua base. Os recursos de ambos não cabem no orçamento, respeitado o teto de gastos, o que decretou sua morte prematura.

Chega a ser constrangedor o empenho desesperado por uma conta de padaria que concilie os interesses. São necessários recursos para emendas bilionárias aprovadas sem transparência, mais os do presidente e, mais ainda, para manter o auxílio que de emergencial ganha prazo de validade no calendário eleitoral.

A repercussão imediata no mercado com o fim do teto de gastos, desvinculado de legítima motivação emergencial, indica que o presidente Bolsonaro decidiu apostar em riscos, pois ao aumentar a incerteza e a insegurança, aumenta o risco no Brasil, agrava a fuga de investidores e provoca perdas bilionárias.  Numa palavra, piora a economia em ano eleitoral.

Com esse desfecho, o mercado também se convence de que a presença de Paulo Guedes no governo jamais representou uma garantia contra o vírus do populismo na economia. Se tentou sugerir que as concessões feitas ao seu programa original constituíam uma forma de resistência ao desfecho que agora se vê, o ministro da Economia, Paulo Guedes, capitulou.

 

João Bosco Rabello escreve no Capital Político. Ele é jornalista há 40 anos, iniciou sua carreira no extinto Diário de Notícias (RJ), em 1974. Em 1977, transferiu-se para Brasília. Entre 1984 e 1988, foi repórter e coordenador de Política de O Globo, e, em 1989, repórter especial do Jornal do Brasil. Participou de coberturas históricas, como a eleição e morte de Tancredo Neves e a Assembleia Nacional Constituinte. De 1990 a 2013 dirigiu a sucursal de O Estado de S. Paulo, em Brasília. Recentemente, foi assessor especial de comunicação nos ministérios da Defesa e da Segurança Pública.

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