Sem “padrinho” presidencial: ACM Neto voa (por Vitor Hugo Soares)
Nem Lula, nem Bolsonaro
atualizado
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Passada a quase apoteose pessoal de sua participação (do começo ao fim) no desfile cívico e festejos populares de rua, ao 2 de Julho, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UB), candidato a governador da Bahia, não poderia ter recebido melhor presente, esta semana, que aquele estampado nas manchetes políticas dos jornais e sites baianos, na Internet : o resultado da pesquisa do Instituto Paraná, publicada na terça-feira, 5, que mostra o neto de Antônio Carlos Magalhães (“o ACM original”, no dizer do âncora da Rádio Metrópole, Mario Kertézs) disparado na frente da corrida ao governo do estado, jogando poeira nos dois adversários mais próximos: Jerônimo Rodrigues (PT) 15,5%, apadrinhado do governador Rui Costa e do ex-presidente Lula, em pré- campanha para voltar ao Palácio do Planalto. E João Roma (PL) 9,1%, ex-ministro da Cidadania que, patético carona na garupa do presidente Jair Bolsonaro, desfilou na motociata, sábado do 2 de Julho.
“Candidato sem padrinho presidencial”, – como ele se afirma, na pré-campanha ao Palácio de Ondina, Neto deitou e rolou nos festejos à data magna da Independência do Brasil em seu estado – parecia um garoto brincando nas ruas, abrindo rodas de dança, abraçando pessoas, fazendo seilfies e cantando o “Hino ao 2 de Julho, principalmente na parte que diz: “Nunca mais, nunca mais o despotismo/ regerá, regerá nossas nações/ com tiranos não combinam, brasileiros, brasileiros corações”. Ponto: pelos números do Instituto Paraná, do dia 5, a fatura da eleição estadual estaria liquidada no primeiro turno, se a eleição fosse esta semana.
Isso ajuda explicar um fato, apontado por Fernando Guerreiro – diretor presidente da Fundação Gregório de Mattos (e atuante braço cultural da Prefeitura de Salvador),– no programa “Revele”, que ele comanda diariamente na Metrópole: o ex-prefeito “parecia levitar no meio daquele aperto infernal dos festejos, com forte presença popular, nas estreitas e mágicas ruas históricas entre Lapinha, Santo Antônio Além do Carmo e Pelourinho, onde ao menor descuido o governante, candidato ou autoridade pública pode escorregar e cair com a bunda ou a cara no chão”, disse Guerreiro, principal nome dos bastidores, na organiza ção da memorável festa de sábado passado, na capital baiana. Precisa desenhar?
De passagem, pela Praça do Campo Grande, ao pé das imagens do Caboclo e da Cabocla, (heróis nativos simbólicos das batalhas da Independência que, esta semana retornaram ao seu abrigo, em meio a outra manifestação popular levando o carro alegórico de volta ao Pavilhão da Lapinha,) no baile público animado pela orquestra famosa do maestro Fred Dantas, aquele irônico turista francês deve ter comentado com os seus botões: “Amaldiçoado seja aquele que pensar mal destas coisas”.
Em tempo, antes do ponto final: o levantamento do Instituto Paraná Pesquisa foi realizado entre os dias 30 de junho e 4 de julho, com os analistas do levantamento identificando que o ex-prefeito de Salvador não só ampliou o seu distanciamento, frente aos seu dois principais adversários, mas segue em viés de alta na capital e no interior. É como gritavam terça-feira, na largada de volta do carro do Caboclo e da Cabocla: “Toca o carro prá Lapinha!”.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br