metropoles.com

Recados das eleições para a direita e a esquerda (Leonardo Barreto)

Bolsonaro venceu mais do que perdeu e Lula perdeu mais do que venceu

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Metrópoles
Montagem de imagens coloridas de Lula e Bolsonaro - Metrópoles
1 de 1 Montagem de imagens coloridas de Lula e Bolsonaro - Metrópoles - Foto: Metrópoles

Em eleições municipais, ninguém pode dizer que saiu campeão. Todo mundo tem uma vitória aqui e outra ali. É preciso ter isso em mente para relativizar as generalizações que confundem mais do que explicam.

Exemplo: os números absolutos dizem que o PSD é o campeão das eleições, com mais cidades conquistadas (871). Mas, olhando para as maiores cidades, com mais de 200 mil eleitores e, portanto, que fazem o segundo turno, o retrato é mais favorável ao PL.

O partido do cacique Valdemar Costa Neto e do ex-presidente Jair Bolsonaro venceu em 11 dessas cidades, está no segundo turno como favorito em 12 e como azarão em 11. Ou seja: foi competitivo em 34 cidades ao todo. Depois dele, se saíram melhor o UB (9, 4 e 6), o PSD (6, 6 e 4) e o PP (5, 4 e 2). O PT ficou na 8ª colocação (2, 4 e 8).

Daí é possível extrair alguns recados que provavelmente irão dominar as análises nesta semana. O sentimento de centro-direita prevaleceu mesmo que tenha havido claramente uma divisão entre eleitores que puseram a ideologia na frente, e outros que preferiram discutir a solução de problemas nas cidades.

O PT ficou longe dos seus objetivos. As derrotas mais doídas foram a de Teresina, Anápolis e Belo Horizonte, onde o partido foi varrido do mapa. Mas o PT conseguiu chegar ao segundo turno em Natal, mostrando a força da governadora Fátima Bezerra; em Fortaleza e em Porto Alegre; além de ter sido reeleito em Juiz de Fora e em Contagem, cidades mineiras.

É curioso um certo perfil de direita que ocupou espaço em capitais importantes. Jovem, discurso nitidamente de direita, comunicação via redes sociais e campanhas baratas. São os casos de Belo Horizonte, Fortaleza e Goiânia principalmente.

Alguns líderes regionais ganharam força por terem feito o dever de casa e encaminhado as eleições nas suas capitais. São os casos de Helder Barbalho (PA), Tarcísio de Freitas (SP), ACM Neto (BA), Arthur Lira (AL) e João Campos (PE). Outros decepcionaram e perderam no seu próprio quintal, como Wellington Dias (PI), Jerônimo Rodrigues e Rui Costa (BA), Ciro e Cid Gomes no Ceará.

Bolsonaro venceu mais do que perdeu e Lula perdeu mais do que venceu. O que isso significa? Provavelmente que o PT precisa fazer uma discussão interna para renovação de quadros e de discurso, e que o presidente vai ter que levar a sério a construção de uma coalizão com setores conservadores para poder governar no Congresso e, quem sabe, disputar a reeleição em 2026.

Para Bolsonaro, deve ficar o reforço da campanha pela sua reabilitação junto ao TSE. Hoje, ele deve estar ouvindo de assessores que, se reverter a condição de inelegibilidade, pode ter chances em 2026. Mas não sem antes enfrentar um quebra-cabeças chamado Pablo Marçal. O ex-coach mostrou que se o ex-presidente se mover muito para o centro, deixará um batalhão de eleitores desassistidos e suscetíveis a outros candidatos da direita.

 

Leonardo Barreto é cientista político e sócio da consultoria Think Policy.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?