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Qual Brasil queremos ser? (por Eduardo Fernandez Silva)

Há uma resposta clichê pronta, repetida vezes sem fim, para a pergunta do título: “queremos um Brasil desenvolvido!”

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Bandeira do brasil e ao fundo céu nublado e temperatura em elevação na Capital paulista sao paulo - Metrópoles
1 de 1 Bandeira do brasil e ao fundo céu nublado e temperatura em elevação na Capital paulista sao paulo - Metrópoles - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Há uma resposta pronta, repetida vezes sem fim, para a pergunta do título: “queremos um Brasil desenvolvido!” Trata-se, porém, de uma resposta equivocada. A razão do engano é a brutal imprecisão da resposta. Ela carece de clareza: como seria um Brasil “desenvolvido”? O que é um país “desenvolvido”? A Suíça, o Japão, a Espanha, os EUA?

Claro, jamais poderemos ser qualquer desses, todos eles resultados das respectivas histórias. Assim como nós. Queremos ser, todos concordam, um Brasil “melhor”. Mas a incerteza persiste, tantas são as respostas possíveis para qualificar esse país “melhor”. Queremos o paraíso na Terra? Sim, queremos, mas modéstia e realismo são necessários para “melhorar”, progressivamente. Assim, devemos definir “melhor” com os pés na terra, cientes que as grandes caminhadas começam com o primeiro passo. Devemos escolher melhorias passíveis de serem alcançadas em poucos anos e usar a criatividade e a diversidade da população brasileira para experimentar caminhos e encontrar aqueles mais curtos para alcançar as melhorias desejadas.

Acabar a dengue em quatro anos? Desejável, mas talvez impossível. Reduzir a incidência da doença em 50%? Especialistas, embora divergindo, dirão com mais precisão da viabilidade de tal meta, e as ações necessárias para torná-la realidade. Se nos pusermos de acordo que tal fim é desejável, seja ele uma queda de 40% ou 60%, poderemos construir caminhos diversificados para chegarmos lá, uns aprendendo com os outros. E, ainda que nada mais mude, teremos um Brasil melhor (ainda que apenas um pouquinho) em quatro anos!

Claro, não basta um único objetivo, ainda que meritório como o citado acima. E na educação, na limpeza urbana, na pontualidade do transporte coletivo, na habitação, no saneamento, quais os objetivos factíveis no curto prazo de um mandato?

Se elegermos uma bancada legislativa e um, ou uma, presidente, comprometidos com o alcance de um pequeno número de metas claras e objetivas, que de fato melhorem a qualidade de vida dos mais carentes, como exemplificado acima com a dengue, saberemos encontrar os meios para alcançá-las, assim como os norte-americanos encontraram maneiras para levar e trazer uma pessoa à Lua em menos de uma década! E nós mesmos conseguimos construir uma belíssima capital e transformar o Brasil no mandato de JK. Clareza quanto aonde chegar, mas com realismo e sem a pressa inflacionária de então!

Pena que desde então nossas lideranças ficaram míopes correndo atrás da miragem chamada “desenvolvimento”, sem que saibamos qual Brasil queremos ser. Nesse nevoeiro, a confusão prevalece, assim como a dita “bateção de cabeça” entre poderes e no interior de cada um deles. E não saímos do atoleiro em que nos colocaram!

Afinal, não há bom vento para quem não sabe aonde vai!

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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