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Por que as sociedades mudam? (por Ricardo Guedes)

Bolsonaro é vítima da alienação do poder, limitado que é em suas percepções

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O presidente Jair Bolsonaro foi a um culto evangélico na Câmara dos Deputados
1 de 1 O presidente Jair Bolsonaro foi a um culto evangélico na Câmara dos Deputados - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os países nada mais são do que arranjos sociais, em certo ponto de suas histórias, segundo valores, proposições, erros e acertos. Daí, a mudança contínua de suas fronteiras, na luta e na guerra, na inexistência de fronteiras naturais. Precisam de exércitos para manter aquilo que acham que, por natureza, lhes foram atribuídos. Interessante observar que Max Weber, em sua obra Economia e Sociedade, não utiliza o termo sociedade em nenhuma parte de seu livro, somente na capa. Weber se refere à interação social como a amalgama do meio social.

Sabemos que as democracias são pactos, com o estabelecimento consensual de leis entre as partes. Fora do contrato social, conforme Rousseau, somente a barbárie. Mas a democracia é um princípio, e os países mudam, levando a transformações sociais.

Hoje, nas Ciências Sociais há a tendência de se utilizar as teorias existentes no que elas têm de mais significativo. As teorias no século XIX foram escritas como teorias gerais. Hoje, observamos o que há de adequado em cada teoria, como teorias de médio alcance.

Marx, no Volume III do Capital, esboçou o que seria a teoria da alienação. Nem todos podem ser empresários ou trabalhadores ao mesmo tempo. Portanto, existem limites estruturais. Mas, para a convivência mais harmoniosa, a classe dominante difunde a ideologia da igualdade das oportunidades. O problema, para a classe dominante, é quando ela começa a acreditar na ideologia que difunde, gerando a alienação do poder. Na Teoria Funcionalista, de Parsons e Merton, se alguém se esquece das variáveis que o levaram ao poder, achando que se validam por outros valores, entram em disfuncionalidade, com tendência à queda.

Um país, para existir, depende de um equilíbrio entre as partes, por consenso ou opressão. Todo modelo a longo prazo, entretanto, tende a ficar instável. As sociedades mudam, em suas condições econômicas, políticas e populacionais.  A alienação das elites leva à disfuncionalidade em suas funções, tendo chegado ao poder devido a certas variáveis, mas atuando segundo variáveis distintas daquelas que os levaram ao poder.

Bolsonaro foi eleito com discurso contra as esquerdas, a “velha política”, e para implementar uma economia liberal. A economia liberal não foi implementada. À “velha política”, ele se aliou. Bolsonaro acha hoje que representa uma cruzada do conceito que ele tem de “liberdade”, se esquecendo daquilo que o levou ao poder. Hoje, Bolsonaro representa a derrocada da economia e a ameaça à democracia; Lula o recall do desenvolvimento e a estabilidade democrática. Bolsonaro é vítima da alienação do poder, limitado que é em suas percepções. Como Dom Quixote combatendo os Moinhos de Vento, na obra de Cervantes. Bolsonaro encontra-se em completa disfuncionalidade. Tende para a força, sem base social para isto. A força não vai se sobrepor ao consenso formado contra o que ele representa. Dificilmente será reeleito.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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