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Pode durar o banho-maria de Mendonça (João Bosco Rabello)

Há quem prefira Aras e, mesmo, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins

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1 de 1 1_andre_mendonca-19787017 - Foto: Metrópoles

Está cada vez mais difícil a situação de André Mendonça na empreitada solitária pela confirmação de sua indicação ao Supremo Tribunal Federal pelo Senado. Há dois meses em banho-maria, não há prazo no horizonte legislativo para que seja marcada sua sabatina.

Além do clima adverso entre o governo e os senadores, desde o agravamento da tensão institucional pelo presidente Bolsonaro – que a carta de paz não revogou -, misturam-se interesses por outros candidatos à vaga e a aversão ao perfil lavajatista do ex-ministro da Justiça.

O eixo da resistência a Mendonça é o ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Davi Alcolumbre, a quem cabe pautar a sabatina. Alcolumbre não quer Mendonça, mas Augusto Aras, e sua posição encontra sintonia com outros que não concordam com o critério religioso da indicação e, sobretudo, pelos que não desejam revitalizar a Lava Jato.

O boicote a Mendonça torna-se mais resiliente na medida em que os senadores percebem o abandono do indicado pelo presidente da República. “Não moveu um dedo por ele”, resume um senador. Há uma avaliação consistente de que se posto em votação hoje, Mendonça seria rejeitado.

No Supremo Tribunal Federal, segundo ainda informação de senadores que têm em alguns ministros interlocutores frequentes, os méritos técnicos de Mendonça são reconhecidos, mas sua aprovação para a cadeira do ex-decano Marco Aurélio de Melo não tem a preferência de todos.

Há quem prefira Aras e, mesmo, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins, nome que corre em desvantagem, mas que pode acabar tendo ampliadas suas chances caso Mendonça se inviabilize.

A perspectiva de ainda ter chance, faz Augusto Aras manter a moderação em relação ao governo, que se esperava menos cautelosa após sua recondução ao cargo de Procurador-Geral se confirmar. Aras já sinalizou nessa direção ao se manifestar pela suspensão da Medida Provisória que limita a remoção de conteúdos nas redes sociais, em sintonia com o cerco do STF às Fake News.

Ao que tudo indica, porém, sinais mais claros de independência em relação ao presidente Bolsonaro seguirão um método de graduação lenta e segura. Afinal, precisará da indicação presidencial para ter seu nome considerado pelo Senado. Por ora, sequer a publicação de sua recondução chegou ao Diário Oficial. Mas Bolsonaro já admitiu a alguns senadores que poderá vir a indicar Augusto Aras, caso Mendonça não se viabilize.

Não se descarta, no ambiente legislativo, a possibilidade de Mendonça ficar em suspenso por tempo indeterminado, até mesmo aguardando o sucessor de Bolsonaro. É a hipótese mais remota, porém não de todo afastada.

João Bosco Rabello escreve no https://capitalpolitico.com/

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