Pernas de Lula: dor no forró do PT, firmes no 2 de Julho (Vitor Hugo)
Os ruídos na política estadual e nacional em seus ensaios preliminares para as eleições municipais do ano que vem
atualizado
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Ainda se ouve, por trás dos “muros baixos da Cidade da Bahia” (no dizer do poeta satírico Gregório de Mattos), os ruídos na política estadual e nacional em seus ensaios preliminares para as eleições municipais do ano que vem. Principalmente nos olhos gordos de adeptos das diferentes tendências ideológicas, na disputa pela Prefeitura de Salvador, atualmente sob o comando de Bruno Reis, sucessor e aliado de ACM Neto, do oscilante União Brasil (UB), derrotado no embate eleitoral passado para governo do estado, e que retorna aos poucos, ainda cambaleante, ao centro do debate político local e nacional.
Mesmo com a aprovação da reforma tributária pela Câmara, quarta-feira, em Brasília, praticamente não se fala em outra coisa, por estas bandas do Nordeste, à beira da Baia de Todos os Santos – “e de quase todos os pecados”, segundo o cronista do cotidiano e saudoso jornalista, Nelson Gallo – além do contentamento, disposição, gás e aparente vigor do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao participar, na capital baiana, do cortejo cívico e festejos populares do 2 de Julho, data comemorativa (este ano bicentenário) da vitória nas lutas de independência do Brasil.
O mesmo Lula que, na véspera, em nota distribuída pelo setor de imprensa do Palácio do Planalto, alegara desconforto físico e “fortes dores nas pernas cancelar sua “ida ao “Forro do PT”, (em Salvador) que, só com a expectativa da presença do presidente, viu disparar e esgotar ingressos para o animado “arraiá dos militantes”, famoso no calendário de arrecadação “de finanças partidárias dos petistas no estado.
A verdade dos fatos é que Lula esbanjou contentamento e disposição nas festas de rua, na data magna baiana, a exemplo do que é observado – e anotado – em suas visitas oficiais (ou de descanso) por estas bandas nordestinas, sobretudo depois da avassaladora votação que obteve no quarto maior colégio eleitoral do País, que o levou à vitória, apertada, contra o direitista, Jair Bolsonaro, nas presidenciais do ano passado.
No entanto, não tão aparentemente feliz e fagueiro, quanto nos festejos do domingo passado, na Bahia. A ponto de “olheiros políticos soteropolitanos” jurarem ter visto, nas esquinas, aquele irônico viajante francês, murmurando com os seus botões, ao ver a performance do mandatário, ao lado do “companheiro governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, na passagem do animado cortejo ao 2 de Julho, no histórico bairro, Santo Antônio Além do Carmo: “Amaldiçoado seja, aquele que pensar mal destas coisas”. Precisa desenhar?
No dia seguinte, ao lado da primeira dama Janja, acordou cedo e bem disposto para viajar ao sul do estado, onde inaugurou, em Ilhéus, mais um trecho da Ferrovia Oeste-Leste (FEOL), que ligará os campos do Agro, no oeste baiano, ao Porto de Ilhéus, antigo exportador de cacau no tempo do romance Gabriela Cravo e Canela e outros, de Jorge Amado. Ainda sobrou gás para, terça-feira/4, cumprir outra jornada digna de nota, quando o Brasil assumiu a presidência rotiva do Mercosul, em Puerto Iguazu, cidade argentina da tríplice fronteira sulamericana. De passagem pela área da Hidrelétrica de Itaipu, falando para professores e estudantes universitários, ainda teve fôlego para atacar o ex-presidente e inimigo político, Jair Bolsonaro, a quem chamou de “titica”. Mas isto é outra história e o espaço não dá . Fica para outra vez.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br