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Pelo fim da greve nas universidades (por Cristovam Buarque)

Apelo para que paremos a greve e continuemos negociando os reajustes que necessitamos

atualizado

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Eline Luz/Imprensa ANDES-SN
Docentes protestam contra proposta de reajuste salarial - Metrópoles
1 de 1 Docentes protestam contra proposta de reajuste salarial - Metrópoles - Foto: Eline Luz/Imprensa ANDES-SN

Faço parte daqueles que nos últimos anos sofrem perda salarial: sou um professor aposentado pela UnB e esta é minha única remuneração. Por esta razão pessoal e por saber da importância do ensino para o progresso do Brasil, entendo a justificativa da luta de todos colegas em greve pela recuperação de nossos salários. Torço, como brasileiro e como professor aposentado, para aue a greve termine com resultados positivos.

Mas, percebo os custos da greve para o país, o sofrimento de centenas de milhares de alunos com seus cursos interrompidos e dezenas de milhares deles com suas formaturas adiadas: são jovens com seus planos pessoais sacrificados e um pais perdendo pormeses o trabalho de engenheiros, professores, médicos e outros profissionais de que tanto carecemos. Sei também do custo moral pelo desgaste na opinião pública e entre os jovens que hoje evitam entrar em universidades federais por causa de greves. Por isto, me manifesto pelo fim da greve e pela continuação das negociações com o governo, durante o retorno das atividades acadêmicas, da volta às aulas e do agendamento das formaturas.

Mas a melhor justificativa para apelar ao fim da greve é lembrar que ela não é necessária no governo atual. A greve é um instrumento último quando os patrões se negam a negociar reivindicações de seus trabalhadores porque não querem reduzir seus lucros. O presidente Lula não é o patrão, porque para aumentar nossos salários terá de reduzir gastos com outros setores tão importantes quanto as universidades.

Nosso patrão é o povo brasileiro que perde recursos cada vez que o governo autoriza algum gasto novo. Além disto, nem o presidente nem seus ministros se negam a negociar buscando formas de atender nossas reivindicações dentro do possível de suas responsabilidades com o povo e o Brasil, sem sacrificar o resto dos compromissos com a sociedade. Esta greve teria sido necessária no governo anterior aue não negociava e promovia um desmonte do setor público, ela não é necessária em um governo liderado por Lula, com ministros Camilo, Haddad e ministra Dweck comprometidos em recuperar nossos salários e superar os desmontes feitos pelo governo anterior.

Por isto, apelo para que paremos a greve e continuemos negociando os reajustes que necessitamos e merecemos, com um governo aberto ao diálogo e comprometido em recuperar nossas universidades, dentro dos limites orçamentários que enfrenta.

Esta manifestação pessoal de um brasileiro professor aposentado, sem qualquer outra atividade profissional remunerada, se estende também a todos os demais servidores de nossas universidades; e aos professores e servidores dos demais Institutos em greve.

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