metropoles.com

Os primeiros movimentos de Gustavo Petro rumo à “paz total”

Colombiano usa prestígio para mudar relação com as Forças Armadas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Guillermo Legaria/Getty Images
Gustavo Petro Francia Marquez colombia
1 de 1 Gustavo Petro Francia Marquez colombia - Foto: Guillermo Legaria/Getty Images

No último sábado, o presidente colombiano Gustavo Petro suspendeu os mandados de prisão de alguns líderes do Exército de Libertação Nacional (ELN) para que possam reiniciar as negociações de paz, suspensas durante o governo anterior de Ivan Duque. Petro parece disposto a usar o prestígio de início de governo para enfrentar um tema central no país.

Foi uma semana em que ele falou em legalizar o plantio de maconha no país – uma das fontes de riqueza e poder do tráfico, que alimenta a corrupção. Anunciou mudanças nas cúpulas das Forças Armadas e da Polícia Nacional e ainda afirmou que, nos casos de crime contra civis, conhecidos como falsos positivos, os comandantes militares locais deveriam ser responsabilizados.

O caso mais polêmico foram as trocas na Polícia Nacional. Petro aposentou 22 generais para nomear Yackeline Navarro Ordóñez como subdiretora da entidade. É que por lei um chefe não pode ter um tempo de carreira menor que seus subordinados e Navarro era a número 23 na linha de sucessão. Petro escolheu ignorar a hierarquia da Polícia para mostrar que sua política de gênero é mais que simbólica, o que causou grande mal-estar na corporação.

A principal crítica dentro da instituição é que essa decisão fez Navarro ganhar um empurrão de 10 anos em sua carreira, ao custo de aposentadorias de oficiais com mais experiência e ascendência sobre os subordinados. Navarro é general desde 2020, tem respeitável formação acadêmica e foi diretora nacional das escolas de formação. Outra análise é que a política de justiça de gênero tem respaldo na sociedade, mas não dentro da Polícia.

Petro deixou claro que o processo de paz consumirá seus esforços no primeiro ano de governo. Para o ministério da Defesa destacou um civil, com histórico no combate à corrupção. E reforçou o convite para que mais grupos paramilitares e do narcotráfico integrem as negociações.

O presidente parece indicar um outro enfoque na luta contra o crime. “Não acredito que estamos numa situação que podemos qualificar de parapolítica ou paramilitarismo. Hoje estamos diante de um fenômeno mais difícil de resolver, são organizações multicriminosas”, apontando que o combate ao crime abarca além da segurança, questões jurídicas, políticas, financeiras e sociais.

Desde a campanha é delicada a relação de Petro com as forças de segurança. Quando Petro citou relações de militares com os narcotraficantes do Clã do Golfo, o comandante do Exército, Eduardo Enrique Zapateiro, desferiu um duro ataque e inflamou a direita antes do pleito. Os fardados não se esquecem que o mandatário integrou a guerrilha urbana M-19. Já Petro deve guardar as cicatrizes de sua prisão e tortura, em 1985, na Escola de Cavalaria do Exército em Bogotá.

Todavia ainda não se sabe quais são os planos do novo governo para reformar as forças de segurança. Parece haver a certeza que o modelo anterior, que perdurou durante mais de cinquenta anos e custou centenas de milhares de mortos, fracassou, e isso exige uma mudança de modelo e perspectiva. Entre erros e acertos, pode ser um exemplo para os novos presidentes de esquerda na América Latina e suas relações com as Forças Armadas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comBlog do Noblat

Você quer ficar por dentro da coluna Blog do Noblat e receber notificações em tempo real?