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Os pilares do seu corpo (por Eduardo Fernandez Silva)

As regras que regem a dinâmica das sociedades humanas não são eternas. Mudar a dinâmica atual é urgente

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Imagine-se morando com pessoas queridas num prédio com nove pilares. Se um fica comprometido você se preocupa, mas espera que os engenheiros tenham feito os cálculos com boa margem de segurança. Em seguida vem a notícia, derivada de estudos confiáveis e testados, de que não é um, são seis ou sete os pilares comprometidos (areia inadequada na construção, ferragem enferrujada, vazamentos de água e líquidos tóxicos…).

Qual sua reação? Foge do prédio? Para onde, se você não tem outro pouso? Fica quieto? Banca avestruz e diz que os especialistas estão errados? Ou age em defesa dos interesses seus e dos seus filhos/as e netos/as? Como agir, dado o enorme diferencial entre o seu poder e o daqueles que minimizam ou postergam o enfrentamento das causas do problema? E fazem-no por se saberem culpados, em razão de suas ações passadas e presentes, e por estarem cientes de que, por justiça, deveriam arcar com os custos da correção dos danos! E se os poderosos culpados não agem e você não tem outro pouso, fazer o quê?

Agir implica riscos e não agir resulta, mais dia menos dia, no desabamento do prédio, pois o processo de degradação dos pilares continua.

Podemos substituir a imagem dos pilares do prédio pelos do corpo de uma filha sua, ou seja, seus sistemas vitais. Imagine que as ações de certas pessoas já comprometeram, com maior ou menor severidade, o sistema circulatório dela, o muscular, o digestório, o endócrino e o urinário… Restam poucas chances de uma boa vida futura para sua querida filha, não? E você faz o quê com os responsáveis pelo comprometimento dos sistemas vitais dela? Como disse Gonzaguinha: “Você deve estampar um ar de alegria e dizer tudo tem melhorado”???!!!

Digamos que sua filha se chama Gaia, nome da deusa grega tida como a mãe-terra. Assim como sua filha, a outra Gaia, este único planeta habitável, tem sistemas vitais (atmosfera, hidrosfera, criosfera, geosfera e a biosfera) comprometidos. Todos eles, com maior ou menor severidade, degradados pela insensata marcha da civilização industrial, cuja dinâmica, em seus cerca de três séculos, conseguiu danificar os sistemas vitais do planeta, alguns além da capacidade de regeneração e, parece, prestes a explodirem. Mas essa mesma (dita) civilização não foi capaz de dar à 80% dos humanos vida digna; essa parcela de humanos “não vive, apena aguenta”!

Para salvarmos nossas filhas e netas temos que buscar maneiras de substituir os processos de degradação por outros, de recuperação; os mecanismos de competição pelos de cooperação; o foco na acumulação pela prioridade à distribuição; a busca do (indefinido) “desenvolvimento” pela qualidade de vida, já; o poder das armas pela força das ideias, da cultura e da solidariedade. Tudo o mais é promessa de políticos e seus aliados para se darem bem, cegos à violência contra as Gaias, sua filha e o planeta.

Embora possam parecer, as regras que regem a dinâmica das sociedades humanas não são eternas; algumas duram séculos, outras apenas décadas. Mudar a dinâmica atual na direção indicada acima é, pois, possível, essencial e urgente!

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