Os bilionários (por Ricardo Guedes)
Hoje, os bilionários são 2.544 pessoas no mundo
atualizado
Compartilhar notícia
Hoje, os bilionários são 2.544 pessoas no mundo, segundo “Billionaire Ambitions Report 2023” do Banco UBS, com a riqueza (assets financeiros e não financeiros) em US$ 12 trilhões, nominalmente equivalente a 12% do total do PIB mundial de US$ 101,3 trilhões, seis vezes maior do que a riqueza dos 50% da população mundial mais baixos na base da pirâmide. Hoje, segundo o “World Inequality Report 2022”, os 1% mais ricos do mundo detém 19% do PIB mundial enquanto os 50% mais baixos detém 8,5% do PIB mundial, com a renda total dos 1% mais ricos 2,3 vezes maior do que a renda total dos 50% mais baixos na pirâmide.
Na lista dos bilionários, os Estados Unidos lideram com 751, China 520, Índia 153, Alemanha 109, Inglaterra 83. O primeiro trilionário em riqueza surge neste ano de 2024, Bernard Arnault, francês, do grupo LVMH / L’Oréal, com US$ 1 trilhão de riqueza, nominalmente equivalente à metade do PIB do Brasil em 2023, estimado em US$ 2,1 trilhões pelo FMI.
O Brasil, com a 9ª economia do mundo, está na 10ª colocação mundial de bilionários, com 45 no total; acima do Canadá com 42; Japão 38; França 34. Nos indicadores socioeconômicos, no índice de GINI, que mede a distribuição de riqueza para 162 países, o Brasil encontra-se na 154ª posição; no IDH, que mede a qualidade de vida em função bens e serviços para 191 países, o Brasil encontra-se na 87ª posição; no PISA, que mede o desempenho de alunos do ensino médio em 81 países, o Brasil encontra-se na 52ª posição em leitura, 61ª em ciências, e 65ª em matemática.
Paradoxalmente, a Suíça, 20ª economia do mundo, ocupa o 6º lugar no ranking mundial com 75 bilionários; Hong Kong, 30ª economia, 7º lugar com 68 bilionários; Taiwan, 22ª economia, 9º lugar com 46 bilionários; todos acima do Brasil, 9ª economia, no 10º lugar com 45 bilionários. Segue-se Singapura, 32ª economia, 12º lugar com 41 bilionários. Os núcleos de decisão se deslocam.
No Oriente Médio, Israel conta com 26 bilionários; Emirados Árabes 17; Arábia Saudita 6; Egito 4; Líbano 2.
Wright Mills, em A Elite do Poder, diz que manda o econômico, garante o militar, executa o político, e modera o intelectual, aqui compreendido como imprensa e universidades. E Max Heirich, em A Espiral do Conflito, analisa o processo decisório que chega ao afunilamento dos conflitos, onde, do social ao político, as decisões acabam por ficar nas mãos de poucos, com imprevisibilidade nas decisões tomadas. Nunca estivemos, ao longo de nossos 200 anos de capitalismo industrial, na mão de tão poucos. Vide Davos.
É hora de se pensar em uma Sociologia dos Bilionários, para o melhor entendimento da economia atual, das consequências da economia sobre a ecologia, e das guerras que se acentuam. As guerras e os danos ao meio ambiente se tornam mais incidentes, por serem movidas pelas decisões de poucos; e mais imprevisíveis em seus possíveis resultados, por serem movidas pelas decisões de poucos.
Que Deus nos proteja.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus