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O Talibã e a Nova Ordem Mundial (por Ricardo Guedes)

Na geopolítica, fortalece-se o bloco Islâmico mais radical, com suas extensões por outros países do continente asiático

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Haroon Sabawoon/Anadolu Agency via Getty Images
o grupo extremista Talibã conquistou o Afeganistão e assumiu o controle do palácio presidencial do país
1 de 1 o grupo extremista Talibã conquistou o Afeganistão e assumiu o controle do palácio presidencial do país - Foto: Haroon Sabawoon/Anadolu Agency via Getty Images

O ocorrido no Afeganistão nesta última semana é o mais significativo revés político para os Estados Unidos neste século XXI, com significativas repercussões mundiais. A questão que deveria ter sido considerada, conforme extensamente discutido na mídia americana, é o que os Estados Unidos deveriam ter feito em função dos resultados finais que ora poderiam ser pretendidos. Ao contrário, a decisão unilateral de sair do Afeganistão, desejo das últimas duas administrações e de 2/3 do eleitorado americano, foi feita sem medir os meios e as consequências da ação tomada.

Nas Ciências Sociais e nas Ciências em geral, persiste a questão se a ordem e sequência de eventos ocorridos são determinísticos ou casuais. Nas Ciências Sociais, o caso do Afeganistão é indicador da existência de erro nas avaliações das ações políticas tomadas, que levam a diferentes futuros, ambos plausíveis, em possibilidades casuais.

A administração Biden, equivocadamente, errou em suas avaliações e decisões de como sair do Afeganistão, dado os seus propósitos. A avaliação de que o exército regular do Governo do Afeganistão treinado e equipado pelos Estados Unidos, com 300 mil homens e força aérea, seria o suficiente para se contrapor a 75 mil Talibãs, foi equivocada. A supremacia dos Talibãs se fundamenta na sua determinação e apoio da maioria da população, dentro dos princípios Islâmicos a que se atêm. Daí, a inesperada e rápida virada para o domínio quase sem resistência e completo do país pelo Talibã.

São duas as maiores consequências deste episódio. Primeiro, um baque na democracia ocidental, em seus princípios e funcionamento, cambaleantes que estão conforme o estudo The Global State of Democracy de 2019. Segundo, o fortalecimento do bloco Islâmico, com as fronteiras contíguas do Afeganistão, Irã e Paquistão, e outros países de influência.

Biden e o Partido Democrata terão dificuldades nas eleições presidenciais de 2024. A própria Cúpula da Democracia, convocada por Biden, fica enfraquecida, questionados que estão os Estados Unidos na eficiência de suas ações e em sua liderança e lealdade às alianças políticas no âmbito mundial.

Na geopolítica, fortalece-se o bloco Islâmico mais radical, com suas extensões por outros países do continente asiático e no norte da África. Huntington, em The Clash of Civilizations, sugere o total de nove civilizações que irão se contrapor neste futuro próximo, sendo as mais importantes a Ocidental com os Estados Unidos e Europa, a Ortodóxica com a Russia, e a Oriental com a China.  A Islâmica, agora, se engrandece.

Neste novo cenário mundial, a China em maior proporção, e a Russia em relativamente menor proporção, mas também significativa, se adiantam. Os Estados Unidos, com seus erros, se retraem.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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