O que os militares faziam na aplicação do Enem em uma escola gaúcha
Depoimento de uma estudante da cidade de Canoas sobre sua apreensão na hora de fazer a prova
atualizado
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Meu nome é Helena. Ou melhor: por razões que todos compreenderão, assim prefiro assinar este depoimento. Fiz, ontem, a prova do Enem na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul, no prédio 15 da Universidade La Salle, não tão distante da minha casa.
Vi militares no corredor do prédio. Inicialmente eles foram entregar as provas e estavam fardados. Depois ficaram na entrada das salas do corredor. Ao longo da prova, entravam nas salas e saíam. Antigamente, a tarefa era dos fiscais das provas.
Eles tinham uma atitude intimidadora, possuíam pistolas na cintura e passavam as mãos nas armas enquanto olhavam pra gente. Tinham rostos jovens, pareciam bem novos. Os fiscais não sabiam que eles estariam ali.
Disseram que vão conversar com alguma autoridade a respeito. As provas que recebemos, eu e mais 4 pessoas na sala, estavam com a tinta fraca e tiveram que ser trocadas. Isso nunca tinha acontecido comigo, já fiz o Enem várias vezes.
Os militares perguntavam na entrada da sala que curso queríamos fazer, e debochavam de quem respondia que queria cursar História. Fiquei apreensiva e não quis ir ao banheiro quando precisei, pois não sabia se eles acompanhariam a gente ou se seriam os fiscais.
Confesso que não vi militares em outras partes do prédio nem em outros corredores, mas esses dois andavam pelas salas da universidade. Os fiscais falaram com a gente sobre a presença deles e os colegas falaram que era um absurdo, também surpresos com a situação.