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O que nossos políticos farão pelo meio-ambiente? (por Emiliano Lobo)

A chamada retomada econômica verde pós-pandemia é o grande destaque da pauta econômica dos países mais ricos do mundo.

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Floresta Amazônica
1 de 1 Floresta Amazônica - Foto: Hotel Urbano/Reprodução

A grande virtude de uma democracia é poder indicar, por meio do voto, quem nos representará, quem falará por nós, tanto no poder executivo como no poder legislativo. Uma eleição é um raro momento em que todos os cidadãos têm o mesmo poder. Independente da classe social, nível de escolaridade, religião, cor ou qualquer outra coisa, o voto de um tem o mesmo valor que o voto de outro. Todos somos iguais defronte uma urna de eleição. É um momento em que apenas nossa consciência, nossos princípios e valores devem agir.

Para votar em alguém temos que, no mínimo, saber quem é, de onde veio, o que faz, o que fez e o que pretende fazer. Temos que nos perguntar, eu confio nessa pessoa?

Neste momento, os planos de governo estão sendo trabalhados e novas diretrizes estão sendo propostas. Esta é a hora em que os candidatos podem pensar com responsabilidade em quais compromissos irão assumir e em quais projetos irão priorizar suas forças. Por outro lado, é o momento para o eleitor ficar atento a essas propostas e promessas para que possa cobrar no futuro.

Como todos vivemos em um mesmo planeta, bebemos da mesma água, respiramos o mesmo ar e desejamos um futuro equilibrado para nossos filhos, não podemos deixar de observar quais são esses compromissos ambientais que estão sendo propostos e assumidos por quem nos representará.

Isso porque investir na questão ambiental promove a saúde. Várias doenças ocorrem ou são agravadas devido a ambientes impróprios. A diarreia é a segunda maior causa de mortes em crianças abaixo de 5 anos de idade, segundo a Unicef. Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que 88% das mortes pela doença no mundo são causadas pelo saneamento inadequado. As crianças são as mais afetadas, representando 84% desse universo. A mesma OMS diz que a poluição atmosférica já é responsável por 7 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo, sendo mais de 300 mil na região das Américas. Nossos representantes precisam saber e fazer algo sobre isso.

Investir na questão ambiental proporciona qualidade de vida a população. Áreas verdes, parques e praças são opções adequadas para se combater inundações, ilhas de calor e a poluição sonora e do ar, pois, a vegetação, além de produzir oxigênio, ajuda a infiltrar a água no solo, regular a temperatura e a umidade. As árvores promovem também a redução da radiação ultravioleta e do ruído gerado pelo tráfego de veículos. Com isso, as áreas verdes são fundamentais, em especial as de baixa renda que não podem frequentar clubes e praias. Nossos representantes também precisam saber e fazer algo sobre isso.

Investir na questão ambiental gera emprego e renda. A organização Internacional do Trabalho (OIT) indica o aumento do interesse das empresas por profissionais que atuam com processos e tecnologias que reduzem os impactos ambientais e contribuem para a sustentabilidade corporativa, estimando que devem ser gerados 15 milhões de empregos na América Latina até 2030, a maior parte no Brasil. A chamada retomada econômica verde pós-pandemia é o grande destaque da pauta econômica dos países mais ricos do mundo. Nossos representantes também precisam saber e fazer algo sobre isso.

Investir na questão ambiental gera economia nos gastos públicos. Ações ambientais implementadas em órgãos públicos evitam o desperdício e reduzem significativamente os custos com água, energia e resíduos. Além disso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada dólar investido em água e saneamento são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo. Nossos representantes precisam saber e fazer algo sobre isso também.

Assim, não faltam motivos para se investir na questão ambiental.

Já passou da hora desse tema sair dos planos de governo e de se transformar em ações. A natureza já deu vários recados de seu esgotamento e todos nós sofreremos a consequência. É chegado o momento que devemos anotar as promessas que ouvimos hoje para podermos cobrar amanhã. É o momento de exercermos nossa cidadania com responsabilidade, e não lamentarmos depois.

 

Emiliano Lobo de Godoi, Professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás

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