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O presidente fujão (por Ricardo Guedes)

Bolsonaro não tem futuro na política Presidencial. O gabinete criado pelo PL para Bolsonaro parece mais para “Inglês ver”

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Avião da Presidência da Republica decola sexta-feira para Orlando
1 de 1 Avião da Presidência da Republica decola sexta-feira para Orlando - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Bolsonaro deixou o país devido à fracassada tentativa de quebra da ordem institucional e o receio sobre sua situação jurídica ao passar do fórum privilegiado do STF para a 1ª instância do judiciário.

Roberto Damatta em O que faz o brasil, Brasil, diferencia entre o Brasil com b minúsculo dos nossos indicadores sociais, e o Brasil com B maiúsculo do nosso congraçamento cultural. Max Weber, em A Política como Vocação, diferencia entre dois tipos de políticos, o que trata a política como se fosse um negócio, e o que trata a política como representação social. Bolsonaro foi um presidente com p minúsculo, o da quebra da ordem institucional, e não o Presidente com P maiúsculo, da representatividade pelo bem social.

A caneta de Lula usada na posse difere da caneta de Bolsonaro para a ensejada Op GLO – Operação de Garantia da Lei e da Ordem. A caneta de Lula, presente de um eleitor do Piauí, representa o cidadão e o respeito pela democracia. A caneta de Bolsonaro, no uso da Op GLO, em interpretação equivocada por sua parte, representaria um instrumento de exceção para a quebra da ordem institucional.

Foi de fundamental importância a atuação do STF e do TSE na vigilância e manutenção da lei, expresso aqui na pessoa do Ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro atentou continuamente contra a ordem institucional. Os 300 do Brasil, ataques ao STF, a tentativa de bloqueio do Planalto pelos caminhoneiros no 7 de setembro de 2021, o episódio da prisão do Deputado Daniel Silveira, as investigações do STF sobre fake news, o 7 de setembro de 2022 no Rio de Janeiro, o período pós-eleitoral com os caminhoneiros e patriotas à frente dos quartéis, o silêncio na expectativa do que não ocorreu. Como nada deu certo, Bolsonaro saiu do país.

O legado de Bolsonaro é danoso. De 2018 a 2021, o PIB caiu de US$ 1,9 trilhões para US$ 1,6. No COVID, 693 mil mortes, 10,5% dos óbitos mundiais para 2,7% de sua população. Foram prejudicadas a saúde, a educação, a cultura e o meio ambiente. As relações internacionais se deterioraram. O Brasil foi reincluído no Mapa Mundial da Fome da ONU.

O Bolsonarismo radical é mais diminuto do que se possa imaginar. Nas pesquisas Sensus, somente 2% são bolsonaristas radicais, contra a democracia e dispostos à ação política. Mas Bolsonaro se ausentou perante seus seguidores, não cumprindo seu papel de líder. Como diz Simmel, na liderança existe um processo recíproco de subordinação e superordenação, onde o liderado busca por um líder para se eximir da responsabilidade da ação social. Bolsonaro faltou a seus seguidores.

Bolsonaro não tem futuro na política Presidencial. O gabinete criado pelo PL para Bolsonaro parece mais para “Inglês ver”. Parece mais parte de acordos que possam ter ocorrido entre as partes políticas para melhor amortecer a inevitável saída de Bolsonaro. Bolsonaro foi um ponto fora da curva da história política brasileira. Pregou o inexistente.

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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