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O papel do intelectual na história recente (por Ricardo Guedes)

O papel do intelectual hoje no mundo é perto de zero. Em épocas do mundo, o intelectual teve o seu lugar

atualizado

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1 de 1 Estátua de Platão - Metrópoles - Foto: Getty Images

Na Grécia Antiga, Sócrates, Platão e Aristóteles, como tantos outros, fizeram parte da estruturação do pensamento e mesmo da formação das sociedades, tal a importância. Em Roma, substancialmente menos. Na Idade Média, no obscurantismo, estivemos presos à Filosofia Escolástica de Tomás de Aquino, onde a dedução abstrata é o caminho da razão e da verdade, onde tudo pode ser provado, sem comprovação empírica, em falácias que redundam no subsídio ao poder, quando assim aplicada. No Renascentismo, com Da Vinci e Michelângelo nas artes, quebrando os paradigmas estéticos; com Galileu na Física, na introdução da Ciência Experimental, tirando a Terra do centro do universo, e a colocando em torno do Sol; com Maquiavel e outros tantos, na análise dos fatos políticos e sociais, independentemente do poder de quem manda.

Segue-se o humanismo Francês, com Descartes, Montesquieu e Rousseau, colocando o homem no centro de suas ações, no método, na constituição das leis, e na teoria da democracia. Seguem-se Adam Smith com a teoria do mercado; Durkheim com as funções sociais; e Marx com a teoria do modo de produção e do socialismo. Freud transforma a psicologia em ciência, e Simmel introduz a psicologia social. O século XIX fervilha de ideias e de movimentos sociais, que até hoje predominam sobre nossas ações.

Na primeira metade do século XX ocorre o embate entre o capitalismo e o socialismo. Na Suécia e países Nórdicos, chegou-se à solução intermediária da Social-Democracia, com o mercado e o bem-estar social. Nos Estados Unidos, após a Grande Depressão, Keynes e outros reformulam o papel do Estado, que participa em investimentos e nas áreas econômica e social, dando estabilidade do capitalismo. No século XX, nos deparamos com duas Guerras Mundiais.

Com a queda do Muro de Berlim em 1989, e dissolução da União Soviética em 1991, se introduz a noção da internacionalização do mercado, com Fukuyama escrevendo “O fim da história e o último homem” em 1992. Mas na sequência, tudo tende a colapsar ao capitalismo e à geopolítica.

Roosevelt tinha seus conselheiros; Churchill também; assim como De Gaulle, Stalin e Mao Tse-Tung. Getúlio Vargas tinha seus conselheiros, assim como Juscelino e Tancredo.  Lula I & II também. Quem são hoje os conselheiros de Biden, Trump, Macron e Keir Starmer? De Lula III, Bolsonaro e Miley? O Prêmio Nobel de Física deste ano vai para a Inteligência Artificial, mais perto da Pesquisa e Desenvolvimento – P&D, certamente, meritória, do que da teoria científica. Onde estão Einstein, Bohr e Heisenberg? Tudo sucumbe ao capital, e ao verdadeiro, “fim da história”. Será que não veem que a situação da Ucrânia e do Oriente Médio podem nos levar à Terceira Guerra Mundial, com danos irreversíveis? A todos?

Somente com interesses, e sem pensamento, o que fazer?

 

Ricardo Guedes é formado em Física pela UFRJ e Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago

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