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O mundo em Tempos loucos (por Eduardo Fernandez Silva)

O cenário se complica porque não só os que nos dirigem ficaram loucos; também perderam a razão aqueles que sonham substituí-los

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1 de 1 imagem colorida. Mão segurando planeta terra - Foto: Pexels

Décadas atrás, Hollywood fez sucesso com comédia chamada “Deu a louca no mundo”. Hoje, a loucura instalada entre nossos dirigentes não faz rir!

Acelerar um veículo que se dirige a precipício é atitude louca, ou “apenas” suicida? E se o veículo estiver cheio de gente? Então, além de louca e suicida é também assassina. E se antes da borda há fogo e o veículo leva pólvora e outros detonadores muito mais potentes? Além dos adjetivos acima, é também insensatez. É a retomada da marcha da insensatez, o processo, ocorrido tantas vezes na história, que leva dirigentes a tomarem decisões contrárias ao próprio interesse, e também às necessidades dos povos que comandam.

A marcha da insensatez, na história, foi alimentada por noções pré-concebidas, pela negação de evidências, por disputas de egos, pela recusa a buscar alternativas, entre outros fatores, e levou a bilhões de mortes!

Atualmente, a insensatez está potencializada pelos algoritmos que, no fundo, são papagaios que repetem e amplificam o que encontram nos textos com que são treinados. Vale dizer, principalmente o publicado na parte da imprensa considerada “amiga”, assim como nas polarizantes e antissociais Redes Sociais. Textos científicos revisados não estão entre as principais fontes das as “IAs”, mesmo porque são em mínima quantidade (comparativamente aos zilhões de posts leigos na internet)! Não obstante essa falha básica, cresce o poder da IA ou, mais precisamente, daqueles que controlam seu desenvolvimento e seu uso. O estado de Israel, em sua atual fúria assassina, tem usado a IA para identificar e matar aqueles que a própria IA entende como inimigos. Fica a pergunta: com tanta fake news na infosfera, será que os algoritmos conseguem identificá-las e separar o joio do trigo?

O cenário se complica porque não só os que nos dirigem ficaram loucos; também perderam a razão aqueles que sonham substituí-los e seguidores acríticos de ambos. Até o clima amalucou, dizem alguns, com a chuva virando dilúvio e a estiagem se tornando seca excepcional. Estas, segundo o “Monitor das Secas”, levam à “perda de cultura e pastagens excepcionais e generalizadas; escassez de água nos reservatórios, córregos e poços, criando situações de emergência”. E os loucos dirigentes querem continuar acelerando no mesmo rumo que nos leva a este abismo de secas excepcionais e dilúvios bíblicos! A Agência Internacional de Energia recém afirmou que o planeta caminha para 2,4oC de aquecimento!

Há alternativas. A razão, no sentido de ausência de loucura, clama para que sejam preferidas à continuidade da aceleração dos processos que alguns chamam de “desenvolvimento”, mas que, embora nos aproximem cada vez mais do abismo, não conseguem resolver as agruras da maioria. É verdade que tais outros caminhos fazem com que certos grupos poderosos percam poder. Por exemplo, a indústria do petróleo e da alimentação ultraprocessada, entre outras.

Não é desmiolado continuar a subsidiar essas atividades e esquecer os males que causam e, cada vez mais, causarão?

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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