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O dólar, o Lira e 2025 (por Tânia Fusco)

Melhor trocar um pelo outro e recusar troco

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O Lira e o dólar? Melhor trocar um pelo outro e recusar troco. Qualquer que seja a desculpa, a causa é a mesma. A ganância. Monstro praticado sem constrangimento pelos donos do poder da vez. Já foram os fazendeiros, a indústria, agora é o Mercado, que reúne grana desses grupos todos, mais os só do dinheiro pelo dinheiro – este o mais arrogante de todos.

Assim, bem simplista, cada vez que o dólar sobe, uns quase poucos ganham muito dinheiro, ficam mais lascados o Governo, a classe média e os pobres.

A ganância não é fato novo. Aqui entre nós, e sem andar para um passado mais longínquo, a ganância já esteve presente na abolição da escravatura, quando os fazendeiros foram indenizados e os escravos abandonados à sua própria sorte.

Se não fosse assim, diziam, o Brasil quebraria. Quem já não ouviu esta frase, dezena de vezes, ano a ano? Repetida eternamente. É como usar anéis nos dedos dos pés. Define com precisão quem usa. Casadas, no modo indiano. No caso em questão, a velha e arraigada turma do farinha-pouca, meu-pirão-primeiro. Os experts do cinismo continuado. Carniceiros profissionais.

Pode tirar aumento real e decente do salário mínimo e do BPC? Pode.  Tem que. Ou quebra o país.

Pode botar rico pra pagar um bocadito mais de imposto? Só um ajuste mais justo? Nãoooooo! Se insistir na heresia, cai o governo, qualquer que seja.  No Brasil, governo só fica em pé se ceder muito ao dólar e aos Liras.

O nome Lira representando quase um Congresso inteiro – na soberba e no proceder.

Triste. Muito triste é que a imprensa, que deveria ser livre e justa, com parcas exceções, segue atrelada ao status quo, ao modus operandi estabelecido desde as capitanias hereditárias. Ou antes delas, se considerarmos os passivos da nossa ancestralidade.

“Só os ingênuos pensam e escrevem isso”.

“Só quem não entende de economia fala essas besteiras”.

Com essas desqualificações, seguimos quase mudos, como alunos que, lá do fundão, levantam o dedinho pra falar e recebem de volta a impaciência do professor-sabe-tudo. Exponha sua ignorância, sua besta!

Assim, temendo exibir nossa ignorância, vamos engolindo “o Brasil vai quebrar” toda vez que um desinfeliz tenta, na lei, reduzir um pouco da velha e aguerrida distância social brasileira.

Segue o baile da goela grande que faz ricos mais ricos, arruma penduricalhos que dão super salários ao Judiciário e, na seara militar, mantem aposentadorias eternas de filhas e outros tantos que conseguem driblar a lei. São os privilegiados mais visíveis da eterna cadeia de diferenciados da vida pública brasileira. Há outros. Quem mexe com eles?

Século 21. Ano novo. 2025.  O que virá? Nada muito diferente do mando do dólar, do Congresso guloso, dos perpetuados Liras. Pode até mudar o nome da chefia, não o procedimento, que, parece, nunca se desgasta, não pede arrego, nem reduz a conta. Tudo será como antes. Apenas com calendário novo.

E seguimos nós no corre puxado de cada dia.

Feliz Natal.

PS.: Sem Anistia!

 

Tânia Fusco é jornalista 

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