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O canal do Panamá e a mudança climática (por Felipe Sampaio)

Acontece que o Canal do Panamá viu reduzir sua capacidade de tráfego de navios de grande porte em decorrência de uma seca recorde

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Por do sol durante o clima seco e umidade baixa em brasília DF estudo
1 de 1 Por do sol durante o clima seco e umidade baixa em brasília DF estudo - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

É mais fácil percebermos as mudanças climáticas quando ocorrem desastres ambientais extremos, como tempestades, inundações, ondas de calor, ou secas, por exemplo.

No entanto, o aquecimento global provoca outras transformações mais sutis, afetando o cotidiano das atividades humanas e exigindo que sejam providenciadas adaptações expressivas a novas realidades, que muitas vezes serão irreversíveis.

É isso que vem acontecendo com a logística dos transportes marítimos internacionais, afetando rotas de interligação entre os mercados asiáticos, americanos, europeus e africanos.

Acontece que o Canal do Panamá viu reduzir sua capacidade de tráfego de navios de grande porte em decorrência de uma seca recorde, que comprometeu o volume hídrico de mananciais que abastecem o sistema de compensação do nível da água, que eleva ou diminui a profundidade do canal.

Com a redução do volume de água disponível, o sistema não consegue operar as eclusas (represas) com a velocidade necessária para suprir o tráfego de navios gigantes que fazem o transporte, tanto de produtos industrializados como de matérias-primas, atrasando sua distribuição global.

Com isso, a ação discreta das mudanças climáticas aumenta os custos e riscos do transporte marítimo, na medida em que os cargueiros transatlânticos que usavam o Canal para cortarem caminho entre os oceanos Atlântico e Pacífico alongam suas rotas, tendo que contornar o continente americano ou a África para chegarem aos seus destinos.

Essa mudança de roteiros produz efeitos colaterais no faturamento de portos como o de Pecém, no Ceará, que funciona como ponto de escala e de distribuição de alguns tipos de cargas para navios que se dirigem ao Canal do Panamá, provocando prejuízos para o próprio porto e os prestadores de serviços que vivem da atividade portuária.

Outro exemplo de repercussão do arrefecimento operacional do Canal do Panamá é a aceleração das obras do porto de Chancay, na costa do Peru. O novo porto tem 60% de capital chinês e faz parte do projeto “Nova Rota da Seda”.

Chancay ganha ainda mais importância com aquecimento global que afeta o Canal do Panamá, tornando-se uma alternativa na exportação de produtos para os mercados da China e outros no Pacífico. Poupará até 20 dias nas viagens que hoje duram quase dois meses. Uma boa opção para produtos brasileiros (principalmente dos estados distantes da costa brasileira).

 

Felipe Sampaio: chefiou a assessoria dos ministros da Defesa (2016-2017) e da Segurança Pública (2018);cofundador do Centro Soberania e Clima; foi secretário-executivo de segurança urbana do Recife; atual diretor de gestão de informações no ministério da Justiça.

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