O Brasil nas relações internacionais (por Ricardo Guedes)
China, Estados Unidos e Rússia são os grandes players mundiais. O Brasil ganha em não se alinhar a blocos e países
atualizado
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O Brasil tem três assets fundamentais nas relações internacionais. Primeiro, o não alinhamento político com países ou blocos, com a manutenção do comércio internacional, o que lhe afere a condição para a mediação de interesses e da paz, tradição da política externa brasileira. Segundo, a Amazônia, responsável pela renovação de 5% do oxigênio do planeta, que é de fundamental interesse para a sobrevivência de todo o mundo, sendo o Brasil um país central na questão ecológica que se aproxima. Terceiro, as commodities, com o agribusiness brasileiro alimentando 1 bilhão de pessoas no mundo, que é de interesse geral dos países. Adicionalmente, o Brasil conta com modernos setores, como o setor financeiro e a Embraer, e com um parque de intelligentsia, formado pela USP, a UNICAMP, as Universidades Federais, o ITA, IME, CBPF, IMPA, FGV, UERJ, INSPER, IBMEC, e a Fundação Dom Cabral, dentre outros. Com somente 2,7% da população e 1,6% do PIB mundial, o Brasil passa a ter papel relevante no mundo.
Nas interpretações da Guerra da Ucrânia, existem três teorias que mais se aplicam. A primeira, a civilizatória, a de que o Ocidente luta continuamente contra o domínio autocrático do Oriente, como tendência universal. A segunda, a da tendência de a Rússia agir como potência imperial, seguindo seus desígnios conforme autodefinido. A terceira, a da realpolitik da geopolítica, onde os interesses prevalecem sobre as ideologias. A origem da Guerra da Ucrânia provém do aumento de provocações recíprocas entre os Estados Unidos e a Rússia, com a Doutrina Monroe, por um lado, e a doutrina da Ameaça Existencial, por outro, ambas retaliativas na proteção de seus interesses, na crescente expansão da OTAN pós dissolução da União Soviética. A Ucrânia tem um PIB de US$ 200 bilhões e renda per capita anual de US$ 3.300,00, tendo recebido US$ 150 bilhões em ajuda econômica e militar, o que reforça a tese da realpolitik da geopolítica.
China, Estados Unidos e Rússia são os grandes players mundiais. O Brasil ganha em não se alinhar a blocos e países, com a garantia da Amazônia, em sendo politicamente bem instrumentalizada, com o aval do agribusiness.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus