O Auxílio Brasil não vai ajudar a reeleger Bolsonaro (Ricardo Guedes)
Engana-se quem acha que o Auxílio Brasil vai reeleger Bolsonaro em 2022. Bolsa Família será tema de campanha em 2022
atualizado
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No auge do Auxílio Emergencial de R$ 600,00 em 2020 para cerca de 68 milhões de pessoas, Bolsonaro chegou ao máximo de 39% de aprovação, percentual insuficiente para a reeleição de um governante. Para ser reeleito, o governante tem que apresentar 55% de aprovação; para concorrer de 40% e 50%; não se reelegendo com aprovações abaixo de 40%. Nas eleições para governador de Minas de 1998, Eduardo Azeredo, com 45% de aprovação, perdeu para Itamar Franco por 58% a 42%.
O Bolsa Família foi um programa nacionalmente e internacionalmente reconhecido. Em pesquisas nacionais da Sensus, foi verificado que o Bolsa Família não apenas melhorava a situação das famílias e as economias locais, mas, também e sobretudo, estimulava os participantes ao trabalho para a maior prosperidade do núcleo familiar.
O Bolsa Família atendia a cerca de 15 milhões de pessoas com o valor médio de R$ 200,00, mais os benefícios adicionais por família. O Auxílio Brasil pretende atender 17 milhões de pessoas ao valor médio de R$ 400,00. São três os problemas. Primeiro, a mudança de metodologia toma tempo para a sua adaptação, gerando transtornos e apreensões por parte dos participantes sem tempo de maturação adequada ao longo de um ano. Segundo, ainda persistem problemas de cadastramento, não atingindo o total de beneficiários almejado. Terceiro, estamos hoje em uma economia com 10% de inflação, chegando a cerca de 30% em bens de consumo e de primeira necessidade, depreciando o valor do Auxílio Brasil de R$ 400,00 para menos que R$ 300,00 em seu poder de compra. Poucas são as diferenças entre os montantes dos dois programas. Roupa apertada na mesma pessoa antiga.
Se no auge do Auxílio Emergencial com R$ 600,00 para 68 milhões de pessoas, então adicionais para os já participantes do Bolsa Família, Bolsonaro chegou a 39% de aprovação, hoje, com o Auxílio Brasil em substituição ao Bolsa Família, Bolsonaro com 25% de aprovação e rejeição na casa dos 60% não irá se recuperar significativamente, podendo atingir no máximo o patamar estimado de 30% de aprovação, se ocorrer.
Difícil a situação de Bolsonaro, com uma economia capenga, política social equivocada, e políticas governamentais desastrosas no campo da saúde, educação, cultura, meio ambiente, e relações exteriores.
O retorno do Bolsa Família será um dos temas de campanha nas eleições de 2022.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus