Nove crimes e um presidente (por Mirian Guaraciaba)
Onde estão as “instituições funcionando normalmente” no País?
atualizado
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Bolsonaro continua afrontando a Justiça e nada acontece. Na última quinta, em sua live, associou a vacina contra a Covid à AIDS. Facebook e Instagram levaram 4 dias para captar a atrocidade do Capitão. Tiraram do ar no domingo.
Mais um crime. Mais uma delinquência, no dia seguinte à leitura do robusto relatório da CPI da Covid, em que há nove tipificações de diferentes delitos cometidos por ele. Bolsonaro não se intimida. Testa Justiça, juízes, oposição, a sociedade que não se deixa intoxicar por ele.
É preciso cassar Bolsonaro das redes sociais urgentemente. Associar a vacina que salva vidas à AIDS é duplamente cruel, especialmente com aqueles que lutam contra uma doença carregada de intolerância e preconceito.
Claro, haverá pedido a Alexandre de Moraes para que inclua mais esse delito no inquérito que apura fake news no STF. Já há Também noticia-crime contra o presidente, protocolada nessa segunda-feira pela bancada do PSOL na Câmara e o deputado Túlio Gadêlha (PDT). São ações, denúncias, inquéritos, de varias cepas e linhagens, e a Justiça lenta, tardia e falha – nenhuma punição até hoje foi imposta ao Capitão.
Às acusações e crimes tipificados pela CPI da Covid vão se somar a outros processos que correm contra Bolsonaro no Brasil e no âmbito internacional. Desde 2019, há seis denúncias contra ele à espera de decisão do Tribunal de Haia. A primeira foi do coletivo de Advocacia em Direitos Humanos, acusação de incitação ao genocídio dos povos indígenas.
A Articulação dos Povos Indígenas protocolou denúncia parecida. A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia denunciou Bolsonaro ao Tribunal Internacional por crime contra a humanidade pela má condução do controle da pandemia no Brasil. Denúncia idêntica à apresentada pelo PDT.
Há queixa até de quem ajudou a eleger a criatura – Movimento Brasil Livre foi a Haia para denunciá-lo por crime contra a humanidade, caso da pandemia. Com palavras duras. Renato Battista, coordenador do MBL à época, chamou Bolsonaro de “canalha”. Quem diria? Tem vergonha alheia em Haia também. Da Áustria, foi a ONG All Rise denunciar Bolsonaro por destruição da Amazônia.
Assim como no Brasil – impeachment, só se for do sexo feminino e de esquerda – não há punição a vista em Haia contra Bolsonaro. As representações estão paradas. Até hoje, a promotora de justiça penal internacional Fatou Bensouda, a quem cabe a análise das representações, não se manifestou.
O processo pode durar anos. Mas como sua conduta tem sido repetitiva, é provável que responderá pelos crimes imputados, desde que a procuradora converta em denúncia a representação. Há esperança no fim do túnel.
Por aqui, vamos colecionando aberrações, Bolsonaro é ser limitado. Mau. Vil. Obcecado pela reeleição, é capaz de qualquer perversidade para garantir os 20 e pouco por cento que ainda mantém junto ao eleitorado fiel. Não dá pra esquecer que faltam 14 meses para o final desse filme de terror.
Mirian Guaraciaba é jornalista